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Cultura

Natacha Magalhães apresenta hoje: “Os lobos não podem esperar” – um salto para fora da literatura infanto-juvenil

 “Os lobos não podem esperar” é a mais nova produção literária de Natacha Magalhães. Uma coletânea de 20 contos com temas variados, onde a mulher é a personagem central, mas onde estão presentes também questões como a violência de género, o abuso sexual de menores, a depressão e a solidão e o machismo. O lançamento é hoje, à tarde, na Assembleia Nacional. 

Natacha Magalhães adiantou ao A NAÇÃO que este seu livro surgiu da vontade de querer diversificar o público e escrever outras temáticas fugindo, desta feita, da literatura infanto-juvenil, género que a revelou aos leitores. “Faz parte de uma estratégia de chegar a outras paragens”, disse.

Condição da mulher

Os contos, que incorporam “Os lobos não podem esperar”, foram escritos entre 2018 e 2021. “São contos de momentos que testemunhei, relatos que ouvi, de algo que fui escutando aqui e ali, mas também da necessidade de usar a literatura como ‘arma’ de denúncia e crítica”, revela a autora, para quem esta obra fornece, na sua essência, “matéria abundante para a apreensão da escrita de autoria feminina”.  

 “Trata-se de um conjunto de textos que retratam temas variados, onde a mulher é a personagem central na maioria deles, e através delas, surgem temas como a violência de género, o abuso sexual de menores, a repressão social e sexual, a depressão e a solidão, e o machismo são denunciados, como são os casos, por exemplo, dos contos ‘quando os tigres silenciam’, ‘marca indelével’, ‘batom vermelho’ ou ainda do conto que dá nome ao livro – ‘os lobos não podem esperar’”, explica Natacha. 

Apesar de ser uma obra voltada para questões femininas, este livro não fica fora do universo dos homens. “Os homens também fazem parte do livro, não apenas como parte essencial deste universo feminino, mas sendo também eles protagonistas de alguns contos”, explica.

Sendo assim, refere que este livro “é também um convite aos homens para reflectirem como pais, esposos, irmãos, filhos sobre as suas atitudes, sobre os seus papéis, sobre o machismo que mata e castra as mulheres, sobre a responsabilidade de cada um na condição de vida de mulheres e meninas e como eles podem mudar o estado de coisas”.

Tributo a Corsino Fortes

Neste livro, Natacha Magalhães presta ainda um tributo ao poeta Corsino Fortes, com o conto “Encontro com o poeta” que, como o próprio nome já diz, foi inspirado de um encontro, neste caso à entrada de um elevador.

Com esta obra a autora conta que quer fazer as pessoas refrectirem sobre determinados fenómenos que acontecem na nossa sociedade. Mas, com este salto para fora da literatura infanto-juvenil pretende também ser uma nova voz na literatura cabo-verdiana, que, a seu ver, precisa de outras escritas e outros autores.

“Os lobos não podem esperar”, uma coletânea de 20 contos vai ser apresentada hoje, às 18 horas, na Assembleia Nacional e terá como apresentadoras Eurídice Monteiro e Augusta Évora Teixeira. O livro traz a chancela da Livraria Pedro Cardoso, que este ano mostra-se particularmente dinâmica, lançando autores consagrados e não consagrados.   

Sobre a autora

Natacha Magalhães é licenciada em Ciências da Comunicação e mestranda em Políticas Públicas e Desenvolvimento Local. Foi jornalista e cronista no A NAÇÃO, no A Semana, no portal Sapo.cv e colaboradora de Cabo Verde, na revista África XXI.

Estreou-se na literatura infanto-juvenil com a coletânea “Mãe, conta-me uma história”, lançada em 2009. Em 2014 publicou “Sete Contos ao Luar e outras estórias” e em 2017 “A Viagem mais fantástica do mundo”, uma colectânea infanto-juvenil. Escreveu ainda dois contos, nomeadamente, “O segredo partilhado” e “O coração das ilhas”, além de participar nas antologias “Ser mulher” (Portugal) e “Mulher e seus destinos” (Cabo Verde).

Natacha é também mediadora de leitura e contadora de histórias, tendo já representado Cabo Verde no festival de contos africanos na Costa do Marfim (2010) e nos Açores (2015). Enquanto activista cultural foi fundadora do projecto de promoção e incentivo à leitura “Mala de Contos”, já implementado em Pico Leão (Ribeira Grande de Santiago) e São Francisco (Praia).

Quanto aos novos projectos literários diz que tem em carteira um novo livro para o seu público preferido. “Estou também a escrever um romance, que está a ser um grande desafio para mim”, revela.

Sobre a inspiração para escrever… “Inspira-me o que vejo, o que ouço. Às vezes, uma conversa, algo que alguém me conta, fica na cabeça e penso ‘isso dá uma história interessante’; o silêncio também me inspira porque há histórias que nasceram no meio do silêncio. Fico quieta, desligo-me e de repente vem uma ideia”. 

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 818, de 04 de Maio de 2023

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