O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, endereçou esta segunda-feira,1 de Maio, uma mensagem aos trabalhadores cabo-verdianos neste dia em que se assinala o Dia do Trabalhador. Numa breve comunicação, o mais alto magistrado da NAÇÃO mostra-se preocupado com a escalada da precariedade laboral que está afectar a maioria dos trabalhadores nacionais e reconhece que o salário, nas circunstâncias actuais, só dá para sobreviver, destacando que as mães chefes de família são as maiores prejudicadas.
Em nota de imprensa, José Maria Neves começa por reconhecer que a situação socioeconómica dos trabalhadores cabo-verdianos neste último ano foi de muito sacrifício, tendo em conta a “persistente inflação”, que vem degradando, de forma continuada, o poder de compra dos trabalhadores.
Em muitos casos, admite, o salário já não cobre as necessidades básicas, servindo “apenas” para sobreviver.
O cenário é, também, como realça “de acentuado desemprego e de precarização dos empregos, com muitos trabalhadores a sentirem-se desamparados, com as suas famílias a passarem por muitas dificuldades”.
Deficiente conectividade interilhas inibe desenvolvimento do país
O PR argumenta ainda que este quadro conjunto de circunstâncias adversas tem penalizado os cabo-verdianos e, principalmente, as mulheres chefes de família, que, como afirma, “são as mais pobres de entre os pobres de um país empobrecido”.
“O futuro da nossa economia demanda que sejamos mais assertivos, mais metódicos e mais organizados, de forma a eliminarmos as disfunções do presente”, apela.
Nesse sentido alerta mais uma vez para o impacto da deficiente conetividade entre as ilhas, que se apresenta como um fator inibidor do desenvolvimento do país.
“É um quadro que reduz drasticamente a atividade económica, cerceando as potencialidades de negócios, enfraquecendo a dinâmica de comércio, com todos os efeitos negativos daí advenientes. Os trabalhadores cabo-verdianos já deram vastas provas da sua capacidade de resiliência e de superação”.
Impulso na economia precisa-se
José Maria Neves reconhece assim que os trabalhadores anseiam pela recuperação dos seus rendimentos e do poder de compra, para benefício das suas famílias, o que só acontecerá na “sequência de um impulso mais forte na economia, revitalizando-a”.
“Face à presente conjuntura, os trabalhadores devem reconhecer a necessidade de um djunta mon na defesa das conquistas e dos direitos, com vista à superação deste momento mais difícil, da defesa de uma vida mais digna”.
Papel dos sindicatos
O Presidente da República lembra ainda, nesta data emblemática para a classe trabalhadora, que, quando a “precaridade laboral ganha terreno”, o papel dos sindicatos adquire uma relevância particular.
Quanto mais unidos estiverem os trabalhadores, inscritos em sindicatos, e quanto mais fortes forem esses sindicatos, tanto melhor os interesses dos trabalhadores serão defendidos. Cumpre à classe trabalhadora ter a plena consciência desse facto, e aos sindicatos, o pragmatismo para evitarem atritos e falsas divergências, concentrando-se na defesa dos direitos dos trabalhadores”, apela.
Para finalizar, o PR admite ainda que, apesar de o retrato da realidade não corresponder ao que seria desejável para uma grande franja dos trabalhadores, estes devem ter consciência da sua “força e das vantagens da sua união”, mantendo sempre “a esperança de que serão implementadas políticas mais afirmativas, e que melhores dias virão”.