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Necessidade de um projeto que assegure o direito de um ser humano estendido no chão de uma praça ou de um passeio na rua das nossas cidades e não só

Por: José Miranda

Excelentíssimos Senhores Governantes e Deputados, Nacionais e Autarcas, de Cabo Verde

Graças a Deus e aos esforços dos nacionais, Cabo Verde já deu passos significativos pós a sua independência, pelo que se encontra num patamar bem avançado, caminhando, paulatinamente, para os países desenvolvidos. Queira Deus que a sua marcha continue cada vez mais mais seguro e com mais rapidez.

Porém, há qualquer coisa que na minha opinião precisa de se endireitar ou de se criar, não havendo.  Há institutos com infraestruturas próprias para amparar as crianças, para os jovens, para os idosos, para os reclusos e para os dementes. É triste, feio, lamentável, e desumano, encontrar-se diariamente, cidadãos, sejam nacionais ou estrangeiros, estirados nos passeios ou nas praças, em pleno dia ou nas geadas noturnas das cidades, enquanto se veem passar, também diariamente, nos ecrãs de televisão, as publicidades dos Direitos Humanos. Será que Direitos Humanos são apenas para os que tenham uma mente repleta de conhecimentos socio-políticos-científicos?! …

Na minha opinião, e penso que também na de todos os cidadãos, nacionais e internacionais, que tenham uma consciência digna de como se deve respeitar uma cidadania, os nossos governantes devem criar um projeto visado, para a criação de um Instituto, com infraestrutura própria, para fiscalizar, acolher e amparar seres humanos que vagueiam nas nossas cidades sem amparo e sem carinho. Para isso, não havendo recursos financeiras que assegurem a sua estabilidade e manutenção, mesmo que, se necessário, criar impostos contribuintes em que todos os cidadãos e cidadãs, ativos residentes, tenham que participar. Entretanto penso que isso não será necessário, visto que graças a Deus, Cabo Verde continua recebendo ajudas externas, que, não havendo desvios e má gestão, dão para criação e segurança da dignidade da pessoa humana, sobretudo as de mente reduzida, as deficientes e as aleijadas.

Num país em que a democracia funcione, como o que se anda a pronunciar nas redes sociais de Cabo Verde, não se pode continuar a ver pessoas caídas no chão das praças e ruas públicas, em que todos passam e desviam o rosto sem a mínima preocupação de saber se o destinado a esse sofrimento se encontra vivo ou morto. Repito. É vergonhoso, lastimoso e fora do comum, num país democrático como nosso.

Alega-se que, por questões relacionadas aos direitos, as pessoas só irão para um internato de recuperação se quiserem. Penso que esse preceito não deverá aplicar-se aos delinquentes que preferem estar na rua para viverem como pedintes. Deverá ser criada, então, uma outra lei que decrete obrigatoriedade para casos desta índole. É uma vergonha nacional.

Me desculpem, mas como cidadão nacional, sinto-me magoado com esses casos, mesmo que outros os considerem normal. Espero que isso não fique apenas no papel de Jornal, mas seja analisado e providenciado.

Muito obrigado.

– 23/03/2023

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 814, de 06 de Abril de 2023

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