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Cultura

Dee Dee Bridgewater, a estrela maior no regresso do KJF

Após dois anos suspenso, o Kriol Jazz Festival (KJF) está de volta à Pracinha da Escola Grande, na Praia, este fim de semana. Nesta que é a sua 12ª edição, num cartaz modesto, comparativamente às edições anteriores, sobressai Dee Bridgewater, uma das maiores divas do Jazz actual. Três mil escudos por dia ou cinco mil, dois dias, é quanto terá de desembolsar se quiser vibrar ao som do KJF.

Para quem conhece e segue as tendências do Jazz Mundial, Dee Dee Bridgewater dispensa apresentações. A sua presença em Cabo Verde apenas se torna possível graças ao Kriol Jazz Festival, evento que vai na sua 12ª edição, em luta para não perder o brilho das edições anteriores, ofuscada pela covid-19 em 2020 e 2021.

Gratidão espelhada em discos

Detentora de dois Grammys e um Tony Award, Dee Dee Bridgewater, ou simplesmente Dee Dee, é um verdadeiro camaleão em palco, que vai vestindo o Jazz de novas roupagens, mas sem nunca perder a sua essência do Jazz puro.

Com pinceladas de soul e até funk, foi construindo a sua caminhada musical. Influências hoje bem patentes nas várias camadas com que veste a sua voz, fazendo dela um dos nomes maiores do Jazz vocal mundial.

Durante a carreira, Dee Dee diz que tem praticado de forma marcada a “gratidão”, patente em vários trabalhos discográficos, não só em relação aos mestres com quem aprendeu, como Duke Ellington, Billie Holiday, Ella Fitzgerald e Horace Silver, entre outros, mas também em relação aos lugares e cidades que a marcaram como Paris e a cidade natal do pai. Transportou, inclusive as suas raízes africanas para um álbum dedicado ao continente, gravado no Mali, com músicos locais, bebendo a essência da música negra, seguindo assim a trilha de Miles Davis e outros nomes deste género musical, hoje, sem fronteiras.

Tributo a Horace Silver

Com as sonoridades de Cabo Verde parece ter uma ligação especial, através de Horace Silver, o fundador do Hard Bop, filho de pai cabo-verdiano da ilha do Maio, um dos expoentes máximo da Blue Note, editora norte-americana responsável pela explosão mundial do jazz.

A admiração de Dee Dee por Horace Silver é tão expressiva que um dos seus álbuns “Love and Peace”, gravado em 1995, é precisamente uma homenagem a esse pianista. Neste disco há mesmo dois temas com a sua participação. “Nica’s Dream” e o emblemático “Song for My Father”. O álbum foi lançado em 1995 e conta com a participação de Horace Silver, nos referidos temas, gravados a 1 de Dezembro de 1994. A interpretação de Dee Dee neste disco  valeu-lhe a nomeação para o Grammy Best Jazz Vocal Album .

Perfil

Denise Eileen Garrett, ou simplesmente Dee Dee Bridgewater, nasceu em Memphis, Tennessee, em 1950, mas cresceu no Texas. O pai Matthew Garrett, tocador de trompete e professor na Manassas High School, acabou por ser determinante para que o Jazz viesse a fazer parte da vida de Dee Dee.

Mas os discos que escutava com a mãe, de divas como Ella Fitzgerald e, claro, Billie Holliday, contribuíram também para que se tornasse na estrela maior do Jazz que é hoje. 

O caminho de uma carreira de sucesso, com quase 20 discos gravados, começou a trilhar aos 16 anos de idade, quando entrou para um trio de rock, rythm and blues, e nunca mais parou, tendo experienciado a participação em vários musicais.

À carreira musical aliou o seu lado humanista encabeçando a missão de embaixadora da Boa Vontade junto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Em Abril de 2017 foi inclusive galardoada com o prémio NEA Jazz Masters Fellows Award, com honras concedidas no Kennedy Center em Washington, D.C.

Em Dezembro daquele mesmo ano Dee Dee foi galardoada com o prémio ASCAP Foundation Champions, em reconhecimento do trabalho de caridade desenvolvido. Detentora de dois grammys e um yony, em 2019 passou a integrar o Memphis Music Hall of Fame em reconhecimento das suas contribuições para a música e em celebração do seu último CD, “Memphis, Yes… I’m Ready”.

Aguardada com grande expectativa

Bem conhecida por vários fãs cabo-verdianos, Dee Dee é agora aguardada com óbvia expectativa em Cabo Verde. Ela, que é a estrela maior desta 12ª Edição do KJF, o nome que promete atrair muita gente, apesar do preço dos bilhetes. Três mil escudos por dia ou cinco mil, dois dias, é quanto terá de desembolsar se quiser vibrar ao som do KJF.

Sobre esta “inflação” nos bilhetes deste ano, em entrevista à Lusa, o promotor Djo da Silva justificou que as despesas aumentaram quase 30 por cento.

“Só as passagens de avião, que estão com preços inacreditáveis, depois a nível de gastos técnicos com o festival, tudo aumentou. Fomos também obrigados a aumentar, mas na mesma abaixo do que deveria ser para poder fazer um festival destes”, argumentou. 

O importante agora é ganhar gás e não deixar o KJF morrer, por já fazer parte do cartaz cultural da cidade da Praia.

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