O serviço de urgência do Hospital regional São Francisco de Assis tem funcionado nos últimos tempos com apenas três clínicos gerais mais um médico recém-formado, situação que tem merecido críticas dos pacientes. Os serviços de Psiquiatria estão parados há 11 meses e os casos de foro mental estão a ser atendidos pelos clínicos gerais, em articulação com psiquiatras do Hospital Agostinho Neto, na Praia.
A directora do Hospital Regional São Francisco de Assis, Liziana Barros, reconhece que a situação “mais gritante” do hospital é o serviço de urgência que neste momento enfrenta algumas dificuldades em termos de recursos humanos e apela à população a ser um pouco mais compreensiva.
Antes o hospital dispunha de seis médicos o que, segundo a diretora do hospital, dava certa estabilidade na prestação dos serviços de urgência, mas por razões de formação e urgência familiar acabou ficando somente com três médicos que foi reforçado com mais um médico.
Liziana Barros reconhece que a demanda do serviço de urgências é grande e os médicos que fazem este serviço são os mesmos que têm de observar os doentes internados no serviço de medicina, aumentando assim o tempo de espera no serviço de urgências.
Redução do período de trabalho
Segundo a mesma fonte o facto do turno nas urgências ser de 24 horas acaba prejudicando a qualidade do serviço, “quanto menos horas e menos atendimento, maior é a qualidade de serviço” explica a diretora, enfatizando que é necessário ter mais médicos clínicos gerais para reduzir o período de trabalho, passando o turno a ser de 12 horas para ter melhor qualidade de respostas e o atendimento não sair prejudicado.
Sem serviço de Psiquiatria há 11 meses
A directora do “São Francisco de Assis”, Liziana Barros, disse que a situação do psiquiatra chegou a ser reposta, mas por questões familiares teve de sair de emergência, pelo que o hospital está há 11 meses sem psiquiatra e sem o Serviço de Psiquiatria, que está a ser prestado pelos clínicos gerais, em articulação com psiquiatras do Hospital Agostinho Neto.
Liziana Barros, lembrou que a função do hospital não é ter alas para internamento, mas estar mais focado na compensação dos doentes mentais, descartando assim a necessidade de se ter uma ala para os doentes mentais que deambulam pelas ruas e com comportamento agressivos.
Lembrou ainda que às vezes o hospital tem situações de doentes mentais internados e com vários meses porque a própria família não quer recebê-los, situação que tem estado a criar “muitos constrangimentos” a este estabelecimento hospitalar.
Ilha necessita de um centro de recuperação
Para a diretora do hospital, a ilha já necessita de um um centro de recuperação, principalmente para aqueles que descompensam pelo uso abusivo do álcool e outras substâncias e que precisam de acompanhamento em centros especializados.
Neste momento, apesar de inexistência de especialista na área de Psiquiatria, o hospital dispõe, dentro do Serviço de Medicina, de um espaço separado de isolamento que foi trabalhado para acolher doentes com perturbações mentais, sobretudo do sexo masculino, “que são os mais agressivos”.
“Falamos da construção de um novo espaço e está previsto no nosso plano de actividades, falta o financiamento para poder avançar”, declarou Liziana Barros, salientando que esta é uma questão que o hospital quer alertar a população porque não pode ficar com pacientes internado há dois anos porque a família não quer acolhê-los de volta.
C/ Inforpress