O município de Santa Cruz conheceu ganhos significativos ao longo dos anos e, hoje, é um concelho transformado, conforme reconhecem as bancadas da Assembleia Municipal, a Câmara e o vice-primeiro-ministro, que encerrou, esta quarta-feira, a Sessão Solene comemorativa dos seus 52 anos. “Um município que respira confiança e estabilidade”.
São 52 anos de caminhada ao desenvolvimento económico e ao bem estar social das famílias, sublinhou o presidente da Câmara Municipal, Carlos Silva, para quem, para lá da festa, este é um momento de análise e reflexão, para “saber de onde viemos, onde estamos, como estamos, aonde queremos chegar, como e com quem temos que continuar a jornada”.
Apontando ganhos significativos, em vários níveis, o edil indicou que, na saúde, a ambição é que Santa Cruz seja elevado à categoria de Região Sanitária de Santiago Leste.
“Temos desafios, precisamos de um posto de saúde na região sul do município, já temos um na região norte, que é uma referência”, apontou, reconhecendo que, a esse nível, o município está “razoavelmente bem” mas ambiciona “muito mais”.
Educação
A nível da educação, disse, igualmente, o município se encontra num patamar bom, com uma boa rede de jardins infantis e escolas do Ensino Básico Obrigatório.
Entretanto, um dos desafios “urgentes” é a necessidade de uma intervenção de fundo na escola secundária Alfredo da Cruz Silva, que, segundo diz, se encontra numa situação gravíssima, que pode levar à evacuação da mesma.
Para isso, diz, a câmara pode pensar numa solução provisória, mas quer contar com o apoio do poder central, para uma solução definitiva.
Atingir cobertura de água e energia a 100%
“A nível de água, já atingimos mais ou menos 80%, mas, queremos atingir os 100% de água canalizada na rede pública até 2026. Já começamos e vamos continuar, contando com o financiamento do Fundo do Ambiente, de forma a que consigamos ir um bocadinho mais rápido”, sublinhou o autarca, para quem a ambição é, igualmente, atingir os 100% de cobertura de electricidade nos próximos três anos.
A nível do urbanismo, lembrou que várias localidades estão a receber obras de calcetamento, investimentos no desporto e na cultura, sendo a segurança uma área que precisa de maior empoderamento, nomeadamente através de uma nova esquadra policial e reforço de efectivos.
Santa Cruz no centro do desenvolvimento
“Estamos cientes que Santa Cruz ocupa uma centralidade única no contexto de desenvolvimento de Santiago e de Cabo Verde. Estamos convictos de que a planificação do desenvolvimento integrado de Cabo Verde passa necessariamente pela promoção das potencialidades locais, no sentido de transformá-las em vantagens competitivas, num quadro em que o exercício da complementaridade económica das diferentes regiões vincula-se à visão da unidade, de forma holística e substancialmente interdependentes”, defendeu o autarca.
Neste sentido, disse que Cabo Verde estará a andar a passo de caracol se não apostar no desenvolvimento do seu potencial endógeno, concretamente na agricultura e pecuária, que ocupam um lugar de destaque no Norte de Santiago.
Um dos desafios apontados pelo autarca é, agora, a concepção de ideias e programas capazes de alavancar a economia da região, com projectos concretos ao nível da produção de água, da modernização da agricultura, da criação de animais, das pescas, das infraestruturas de comunicação, nomeadamente estradas e um porto de escoamento de produtos para alimentar o sector turístico nacional.
“A nossa ambição é tornar Santa Cruz num grande polo de desenvolvimento da ilha de Santiago, no maior produtor e exportador de produtos produzidos e maior referência no que tange à segurança alimentar e nutricional”, reconheceu.
Agenda económica ambiciosa
Para isso, sublinhou Carlos Silva, grandes prioridades já estão definidas e já existe uma agenda económica ambiciosa, que está a ser trabalhada conjuntamente com o Governo e outros parceiros de Cabo Verde.
Entre estes projectos está o desencravamento de ribeiras com potencial agrícola e turístico, retoma económica com o dossier Justino Lopes, em negociação, mobilização de água para rega através da dessalinização da água do mar e outras formas de mobilização e o desenvolvimento de um masterplan para a edificação da zona económica de Santa Cruz, com cerca de 200 hectares de terreno já estão definidos no PDM para zona industrial.
Contempla, ainda, um parque fotovoltaico e um porto comercial, para a retoma da ligação marítima diária entre Pedra Badejo e Maio e ligação entre os municípios de São Salvador do Mundo e Santa Catarina para criar dinâmica comercial.
Perdas marcantes
Não obstantes os ganhos, Carlos Silva apontou que Santa Cruz também teve perdas marcantes, sendo uma delas o título de maior produtor, exportador e maior complexo agroalimentar, deixando de ser o celeiro do país, assim como a ligação marítima diária entre Pedra Badejo e Maio.
Com isso, lamentou, registou-se um desaceleramento da sua capacidade competitiva, com a consequente redução do crescimento e desenvolvimento económico do município.
Vice-primeiro ministro destaca liderança em Santa Cruz
Já para o vice-primeiro-ministro, que encerrou a Sessão Solene, não se deve falar de ganhos e perdas, mas sim celebrar os ganhos, que a seu ver são muito maiores.
“Enquanto estamos preocupados com a árvore que está a cair, não estamos atentos à floresta que cresce. Santa Cruz é uma floresta que está a crescer, mas, é óbvio que quando a floresta cresce, de vez em quando, cai uma árvore. Mas o nosso foco tem que ser na floresta que cresce e não na árvore que cai”, encorajou o governante.
A principal mudança em Santa Cruz, defendeu, não são as obras, mas a mudança de atitudes e a existência de uma liderança.
“Este município hoje respira confiança, respira estabilidade, compromisso e engajamento com o seu futuro. Isso é mais importante do que qualquer obra, do que qualquer asfalto. E isso só se consegue com liderança”, sublinhou.
Cooperação exemplar
No que tange ao relacionamento e cooperação com o poder central, Olavo Correia apontou a câmara de Santa Cruz como uma câmara exemplar.
“Exemplar de uma cooperação que estamos a montar entre o poder central e o poder local, para servir os cidadãos. Nós não temos sempre as mesmas posições, as mesmas ideias, mas temos um compromisso com Santa Cruz, e, no silêncio, na descrição, no diálogo e na cooperação estamos a fazer. O barulho nem sempre é a melhor solução e o melhor método para conseguir resultados”, frisou.
Assembleia pede que se repense a mobilização de água
O presidente da Assembleia Municipal, Gilson Cardoso, destacou igualmente a parceria entre o poder local e central, na assunção de responsabilidade perante o desenvolvimento de Santa Cruz.
Um dos grandes desafios para continuar a desenvolver o município, disse, é a mobilização de águas de qualidade e a bom preço, para dinamizar o sector agrícola.
“Queremos ter um município saudável, com uma alimentação saudável, mas, acima de tudo, com um ambiente saudável. Não podemos ter a empresa Água de Rega sediada na Praia, para fazer deslocar os agricultores. Este modelo é de se repensar e acreditamos no engajamento do senhor vice-primeiro-ministro para resolver a questão da mobilização de água”, apelou.
Bancadas em unanimidade: ganhos consideráveis
As líderes das bancadas municipais do MpD e do PAICV em Santa Cruz enalteceram o processo de desenvolvimento do município, fruto, na sua visão, de uma trabalho abnegado das várias lideranças, com resultados visíveis na realidade actual do concelho.
“O município conheceu um desenvolvimento imensurável a todos os níveis, desde saúde, educação, cultura, desporto, passando para actividades económicas. É notório o desenvolvimento registado no concelho nos últimos seis anos, graças a parceria entre a autarquia e o actual Governo, que se espera continuar, a favor do desenvolvimento cada vez mais crescente.”, sublinhou a líder da bancada ventoinha, Ivalinda Vaz.
“De um município conhecido como um dos mais pobres de Cabo Verde, sobretudo no domínio da educação, hoje só temos que nos orgulhar, pois, sem complexos, ousamos a afirmar que, neste momento, estamos próximos ou em igual patamar em relação aos restantes municípios da nossa região de Santiago Norte”, afirmou.
Igualmente, a líder da bancada do PAICV, Teresa Silva, frisou que o município vem conhecendo um percurso ascendente, graças a coragem e determinação dos seus sucessivos representantes locais.
“O concelho esta numa fase de transformação acelerado e profundo, fruto de um trabalho de todos, com grandes potencialidade e capacidade para andar com os próprios pés, bastando, para isso, uma forte aposta no crescimento económico inteligente, sustentável e inclusivo”, defendeu.
Passados 52 anos da sua criação, diz que Santa Cruz é hoje um concelho promissor e um município melhor, em todos os níveis.
Homenagem e medalha de mérito ao presidente
Durante a Sessão Solene comemorativa dos 52 da criação do Município de Santa Cruz, o edil Carlos Silva foi homenageado pela sua equipa de vereadores, que agradeceu e enalteceu a forma como o autarca vem gerindo os caminhos do município, com “entrega e dedicação”.
Para além da homenagem, o edil foi agraciado com medalha de mérito.