O professor Adilson Medina, que utilizou as redes sociais, mais propriamente o Facebook, para denunciar a tentativa de agressão por parte da mãe de uma aluna apanhada a copiar num teste, diz estar bem e revela que já entregou o caso às instâncias policiais.
Professor de História e Geografia de Cabo Verde, na escola Eugénio Tavares, na Achada Santo António, cidade da Praia, Adilson Medina disse ao A NAÇÃO que está bem, apesar do enorme susto por que passou.
Medina conta que foi vítima de uma tentativa de agressão por parte da mãe de uma aluna apanhada com uma “cábula” e, consequentemente, teve o teste anulado e foi para casa.
Minutos depois viu-se diante da mãe da aluna que, com um abridor de garrafas, tentou agredi-lo.
Medina ainda afirmou que este terrível episódio não se circunscreveu somente à sala de aula, tendo a mãe da aluna tentado agredi-lo, também, no pátio da escola.
“Neste momento estou bem, e devo dizer que felizmente não fui atingido pela mãe que chegou agressiva com uma arma branca (abridor de garrafas) na mão, atacando-me com as mãos, dentro da sala de aula. Já no pátio da escola voltou a tentar agredir-me com uma pedra (paralelo). Ademais, proferiu palavras injuriosas e obscenas dentro da sala e no pátio”, desabafa o professor.
Ameaçado de morte
Segundo conta também o professor, além das palavras de cunho obsceno e múltiplas injúrias, a mãe da aluna o ameaçou de morte e que iria “colocar thugs (bandidos)” para “tratarem” dele.
Entretanto, Adilson Medina afirma que já entregou o caso à polícia e diz estar à espera que as devidas providências sejam rapidamente tomadas, para que episódios do tipo não se repitam, nem com ele e nem com outros professores.
“Fui à esquadra”, na Achada de Santo António, “onde fiz uma queixa e espero que o tribunal actue no momento certo no sentido de resolver essa situação e que possa vir a ser um exemplo para todos”, exorta.
Adilson Medina admitiu, igualmente, que obteve o “apoio moral” de entidades do Ministério da Educação, nomeadamente, tanto da direcção do Agrupamento a que faz parte como da Delegada do Ministério da Educação, Constantina Afonso.
Contactada pelo A NAÇÃO, a directora do Agrupamento III, de a Escola Eugénio Tavares faz parte, afirmou que já está a par do ocorrido e afiançou que já contactou o professor prestando-lhe solidariedade. Delcy Pereira referiu, contudo, que, por estar de convalescença, está à espera de um relato escrito por parte do professor para que, assim que retorne ao trabalho, avançar com os procedimentos legais que a situação exige.
Professores de mãos “atadas” em escolas inseguras
O docente disse ainda que ele e outros tantos colegas se sentem inseguros, pois, os professores estão de “mãos atadas” e já não têm o “poder que tinham outrora”, ainda por cima em estabelecimentos de ensino onde “qualquer um” pode entrar armado e atingir um aluno ou qualquer outro profissional que lá trabalhe.
Adilson Medina lembra que os pais e encarregados de educação e os professores devem ser colaboradores e não adversários ou inimigos pois, como afirma, os dois “estão do mesmo lado”, na formação de crianças, futuros cidadãos do país. Por isso, defende, “sejamos mais tolerantes, compreensivos e evitemos os extremismos”.
Por fim, Adilson Medina lembra que a presença dos pais na escola é fundamental para que se atinja o objectivo da educação e instrução, mas que quando lá forem que seja para “acompanhar os filhos e não para crucificar os professores”.
Tiago Ribeiro (estagiário)
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 812, de 23 de Março de 2023