A propósito do Dia Internacional da Mulher, que hoje se comemora, o Presidente da República, José Maria Neves, endereçou hoje uma saudação “especial” a todas as mulheres cabo-verdianas, enaltecendo ganhos e conquistas, mas alertando para os desafios permanentes, especialmente num contexto de crises vividas actualmente em que as mulheres acabam por ser as mais prejudicadas. o combate à VBG e à pobreza feminina deve ser feito de forma “vigorosa”, apela.
“Dotada de dedicação e coragem para enfrentar desafios e vencer lutas difíceis, ao longo da história, a mulher cabo-verdiana tem-se revelado uma autêntica heroína, encarnando a esperança do futuro e, qualquer vitória que Cabo Verde célebre, é uma vitória da mulher cabo-verdiana” começa por dizer o Cefe de Estado, num comunicado chegado à nossa redacção.
Todas as felicitações, diz, são, pois, “justas e merecidas”, não apenas num dia em especial, “mas todos os dias”, que na sua opinião devem ser de “homenagem àquela que carrega Cabo Verde às costas e constitui o pilar mais sólido da sociedade e fortaleza da cabo-verdianidade, transmitindo, de geração em geração, a nossa língua, a nossa cultura e o nosso amor pátrio”.
Apesar do caminho ainda por percorrer, JMN, recorda que a vida das mulheres teve uma “série extraordinária de conquistas, a nível mundial, nos últimos 100 anos”.
No caso de Cabo Verde, afirma, a independência é o marco a partir do qual as mulheres viram a sua situação a “evoluir de uma forma sempre ascendente, seguindo a tendência do resto do mundo”.
Mulheres as mais afectadas
Porém, alerta que estes últimos anos têm sido de “muita dificuldade” para os cabo-verdianos, em geral, e para as mulheres, em particular.
Como recorda, a pandemia da Covid-19, que paralisou a indústria do turismo, afetou “duramente” as mulheres, que, como realça, “são quase a totalidade dos empregados em alojamentos e restauração”.
A guerra na Ucrânia, como é sabido, “inflacionou o custo de vida”, principalmente das famílias “monoparentais de baixos recursos e chefiadas por mulheres”.
Mas, segundo explica, há ainda a acrescentar “os sucessivos anos de seca” que, juntamente com todas estas crises, tiveram “consequências socioeconómicas negativas”, como destaca, “agravando as condições de sobrevivência das famílias mais carenciadas, evidenciando o rosto da pobreza e do desemprego, que é essencialmente feminino”.
Direitos
Em geral, diz JMN, as mulheres podem “alcançar” todos os patamares da sociedade cabo-verdiana, “por direito, e por mérito já demonstrados”, em todas as áreas profissionais, em lugares de direção ou na política.
“No entanto, estão ainda sub-representadas, resultando em menor poder económico, social e político, sendo que a paridade é uma meta que ainda está distante, já que ainda subsistem situações de desigualdades e obstáculos que impedem muitas mulheres de alcançar seus objetivos e sonhos”, lamenta
Por outro lado, alerta que continuam a ser vítimas da VBG, “uma triste realidade que nos envergonha e que devemos combater de forma vigorosa”.
Nesse sentido, garante que na qualidade de Presidente da República, se vai “empenhar na defesa dos direitos da mulher, ou seja, na defesa dos Direitos Humanos e da Constituição da República, no que se refere à promoção da igualdade de oportunidades entre os cidadãos”.
Sensibilização
Por isso, alerta que se deve “reforçar a sensibilização em relação à promoção de equidade e igualdade de género, através do seguimento das ações, e aproveitando da melhor forma o quadro legal”.
Nesse sentido, apela a que se envide esforços para que sejam executadas políticas públicas mais assertivas, capazes de proporcionar melhores alternativas às mulheres, por forma a garantir-lhes uma melhor qualidade de vida, especialmente nas comunidades rurais mais pobres.
“O combate à pobreza feminina e à VBG deve mobilizar toda a sociedade no sentido da implementação de políticas consistentes de forma a alcançar os objetivos pretendidos”.
Solidariedade para as mulheres em contexto de guerra
Neste Dia Internacional da Mulher, o mais alto magistrado da Nação envia também a sua solidariedade para com “todas as mulheres dos países em guerra, as mulheres vítimas da violência, da discriminação, do assédio sexual, moral e político e do desrespeito pela dignidade da pessoa humana”.
Em África, lembra JMN, vive-se os dramas das guerras, dos golpes de Estado, do terrorismo, das mudanças climáticas, conforme enumera, e do desrespeito pelos direitos civis e políticos e pelos direitos sociais, económicos e culturais das pessoas.
“São dramas que agravam as desigualdades e a pobreza e que afetam particularmente as mulheres”, condena.
Desafios
Nesse contexto, o PR cabo-verdiano finaliza a sua mensagem advertindo que os desafios são enormes.
“Temos de estar preparados para os enfrentar, com coragem e ousadia, realizando as reformas que são necessárias e colocando todos os recursos materiais e intelectuais ao serviço da humanidade. Só assim estaremos a empoderar as mulheres, a promover o bem comum e a construir a África que queremos e um mundo melhorpara todas e todos”.