A Direcção Nacional de Política do Mar anunciou, para os próximos dias, a implementação de um novo plano operacional para os transportes marítimos interilhas, visando resolver as falhas que vêm sendo alvo de críticas, nomeadamente através das redes sociais, dos passageiros e de diversos quadrantes da sociedade cabo-verdiana.
A referida entidade avançou em comunicado que uma equipa liderada pelo Ministério das Finanças vem trabalhado “afincadamente” para a conclusão, nos próximos dias, de um processo que inclui, entre outras medidas, a implementação de um novo modelo operacional e financeiro sustentável que garanta um serviço público de transporte marítimo “eficiente e regular”.
A entidade considera “injustificável” o nível de serviço que vem sendo prestado desde o início do ano e garante ter já exigido à Cabo Verde Interilhas (CVI) a reposição da frota, reiterando que, caso necessário, aplicará medidas coercivas previstas no contrato de concessão em vigor.
O desabafo de Dom Ildo Fortes, bispo da Diocese do Mindelo
Desde Janeiro último, o serviço de transporte marítimo entre as ilhas vem sendo prestado por apenas dois navios, designadamente Chiquinho na linha São Vicente-Santo Antão e Dona Tututa na ligação entre as restantes ilhas, facto que vem causando sucessivas falhas nos serviços prestados e descontentamentos por parte dos utentes.
Face a uma situação ocorrida a 22 de Fevereiro, na sequência de uma viagem que efetuou de São Vicente para São Nicolau, o bispo da Diocese do Mindelo, Dom Ildo Fortes, criticou a “falta de consideração e respeito aos passageiros”, pedindo urgência na resolução dos problemas que afectam o sector.
As críticas ao sector dos transportes marítimos interilhas têm surgido dos cidadãos comuns e de várias personalidades, inclusive o Presidente da República, José Maria Neves, que teve de cancelar uma viagem para a ilha Brava devido à falta de barcos, já chamou a atenção do Governo para a necessidade de solucionar o problema.
Regularização de dívidas para com Cabo Verde Interilhas
A Direcção Nacional de Política do Mar também avançou que a CVI já recebeu o montante de 427.827.628 escudos, referente a uma dívida de Dezembro de 2022, no valor de 581.275.085.
Conforme fez notar, a subvenção pública pelas imposições de prestação do serviço de transporte marítimo atingiu valores elevados, muito acima do previsto, nos primeiros três anos de operação devido a razões que se prendem com os efeitos da pandemia da Covid-19.
O fecho das fronteiras, as limitações impostas no transporte de passageiros e estagnação da economia, seguidos do aumento galopante dos preços dos combustíveis foram factores que, segundo a Direcção Nacional de Política do Mar condicionaram a capacidade do pagamento do Estado, por um lado, e, por outro, a tesouraria da Cabo Verde Interilhas.
C/ Inforpress