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Sociedade

Dom Ildo Fortes diz que “orgulhamo-nos” de acolher o Ocean Race e “não somos capazes” de resolver o “calvário” dos transportes interilhas

O bispo do Mindelo, Dom Ildo Fortes, deixou um “desabafo” nas redes sociais, criticando o “calvário permanente” de viajar entre as ilhas, relatando a sua própria experiência. O mesmo apela à “responsabilização” e lamenta que as autoridades se orgulhem de organizar a Ocean Race e não se consiga resolver o problema de transportes inter-ilhas.  

“Viajar (quando se consegue) entre as nossas ilhas tem sido um calvário permanente. E devia ser uma coisa tão bela e agradável neste Cabo Verde, terra querida! Só quem não se submete à comum condição dos cidadãos viajantes desconhece os sucessivos constrangimentos e dissabores neste capítulo”, começa por relatar Dom Ildo Fortes, na sua página de Facebook.

Esse responsável da igreja católica questiona se “será possível ou admissível tamanha falta de consideração e respeito pelos passageiros (entre os quais muitas crianças e idosos…) que esperam mais de oito horas dentro de uma gare marítima sem o mínimo condições?”. 

“Descaso”

Assim foi com a viagem São Vicente / São Nicolau, no passado dia 22, que o mesmo experienciou, lamentando o “descaso” pelos passageiros.

“Está prevista para as 16h, passou para as 20h, e a mudança de horário foi comunicada, horas antes, por sms. Vá lá, vá lá! Até aqui, tudo bem (imprevistos operacionais ou atmosféricos acontecem)! Mas, ter de comparecer no cais às 18h para o suposto embarque e o barco vir a sair só às 2h30 da madrugada, sem que mais nenhuma informação tenha sido dada até à hora da partida, nem ninguém da companhia tenha aparecido para explicar ou pedir desculpas pela razão do atraso é no mínimo desrespeito, desprezo, ofensa, descaso pelos utentes e cidadãos que vêm as suas vidas e programações totalmente prejudicadas”, condenou.

Desorganização e responsabilização

Dom Ildo Fortes crítica ainda a desorganização no que toca a bagagens: “Cada qual a ter que subir com as malas e sacos pelas escadas íngremes e escorregadias (sim pelas escadas) dos diversos pisos do barco para as colocar, cada um à sua maneira, o melhor que puder!”.

O bispo do Mindelo diz ainda que “alguém devia ser responsabilizado por isto” que, como lamenta, “infelizmente, é frequente e atrasa Cabo Verde”. 

“Orgulhamo-nos de acolher o Ocean Race e não sei mais o quê e não somos capazes de resolver uma coisa tão básica, urgente e necessária como deslocar-se de uma ilha para outra?”, condena. 

Plano B do Governo  

De notar que a manchete principal da edição 808 do jornal A NAÇÃO é precisamente a questão dos transportes marítimos dando conta que a essa concessão está “por um fio” e que, como o título indica, o “plano B” do Governo passa pela aquisição de mais navios.

Isto, diante dos arrastados problemas que o sector dos transportes marítimos continua a padecer, o Governo tem em elaboração um “Plano B”, que passa pela aquisição de novos navios e uma maior responsabilização da companhia CV Interilhas. 

Este cenário não se desenha, porém, fácil, tendo em vista a grande dificuldade em encontrar no mercado embarcações adequadas para os mares de Cabo Verde. Para saber mais sobre o tema, confira a edição número 808 do Jornal A NAÇÃO, dada à estampa esta semana. 

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