O Governo de Cabo Verde acaba de exonerar o Gestor Único da Inforpress, José Vaz Furtado. A decisão foi comunicada há momentos, na sequência da demissão do jornalistas Geremias Furtado, ocorrido esta quinta-feira, 15. Esta exoneração aconteceu na mesma hora em que a vice-presidente da AJOC, Gisela Coelho, dava uma conferência de imprensa, em nome da Direcção dessa Associação Sindical, condenando, a medida “arbitrária” do referido Gestor.
“Tendo em atenção os acontecimentos recentes e a necessidade de se garantir o normal funcionamento e estabilidade institucional da agência cabo-verdiana de notícias, o Governo deu orientações ao representante do Estado, acionista único da Inforpress, para adoção de uma deliberação unânime, no sentido de exonerar o atual Administrador Único da sociedade, Dr. José Vaz Furtado”, informou o executivo, em comunicado.
Conforme lê-se no documento, O Governo defende a autonomia e a independência dos órgãos públicos de comunicação social, tendo em consideração o alto nível de responsabilidade e de qualidade da democracia cabo-verdiana e da liberdade de imprensa no contexto Africano e Mundial.
Garante, por outro lado, que continuará a “implementar as melhores políticas, mobilizando os meios necessários e as reformas legais, conducentes ao cumprimento da missão insubstituível da nossa agência de notícias, para que cumpra os seus objetivos em matéria de prestação de serviço público de informação, com qualidade, rigor e isenção”.
Não obstante a exoneração, presta um reconhecimento pelo “dedicado e competente trabalho realizado” por José Vaz Furtado, desde o início das funções, em setembro de 2021.
AJOC congratula-se e garante que era o desfecho que estava à espera
Esta exoneração aconteceu na mesma hora em que a vice-presidente da AJOC, Gisela Coelho, dava uma conferência de imprensa, na Sede da Organização, em nome da Direcção, condenando, a medida “arbitrária” do referido Gestor.
“A Direcção da AJOC condena, lamenta e lembra que nenhum trabalhador deve ser demitido, perseguido ou sofrer represálias, por denunciar aquilo que considera serem atropelos à Liberdade de Imprensa, por parte de uma Entidade Patronal, e espera que atitudes desta natureza não se repitam e não deverão fazer escola em Cabo Verde e em nenhuma parte do Mundo”, disse, momentos antes de saber da exoneração.
A mesma, tendo sido informada, no final da referida conferência, que o Governo já tinha emitido um Comunicado dando conta da exoneração de José Vaz Furtado, congratulou-se pela medida tomada pelo Governo, em nome da Direcção da AJOC, enaltecendo que acima de tudo é uma “vitória da Liberdade de Imprensa”.
A mesma garantiu que, tendo em conta “os sucessivos” casos e queixas, levados às autoridades competentes, contra a postura do Gestor Único da Inforpress, era o “desfecho que AJOC estava à espera”, e que se impunha, face à gravidade da situação.
Gisela Coelho defendeu ainda que a AJOC reitera a necessidade de se rever o modelo de gestão da Inforpress, que, “como já se viu”, pelo sucedido, não passa por ter apenas uma única pessoa a liderar a instituição, apelando a um formato mais democrático.