Peritos mundiais reunidos durante um painel na segunda Cimeira internacional sobre produção alimentar, em Dacar, Senegal, apelaram à utilização de caminhos rápidos para cobrir o défice de financiamento da agricultura e abordar os obstáculos crescentes ao acesso ao mercado financeiro para as Pequenas e Médias Empresas (PME) agrícolas.
As discussões surgiram na sequência das perturbações na cadeia de abastecimento em consequência da pandemia da COVID-19, da guerra na Ucrânia, do aumento da inflação, dos preços elevados das matérias-primas, que levaram a um aumento da insegurança alimentar e nutricional.
Novo fundo especial para apoiar as PME agrícolas em África
Conforme nota de imprensa chegada à nossa redacção, na Cimeira, o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento e o Governo do Canadá anunciaram a criação de um novo fundo especial para apoiar as PME agrícolas em África.
O mecanismo de financiamento Catalítico das PME Agroalimentares tem como objetivo catalisar e tirar risco ao investimento para as PME agrícolas. Irá também reforçar as cadeias de valor agrícola e melhorar a segurança alimentar em todo o continente.
Mais investimentos
Os peritos exortaram os financiadores a explorarem o financiamento misto para ajudar a tirar risco às transações agrícolas, reduzir os custos de transação e atrair financiamento privado através da melhoria dos rácios de risco face ao retorno.
“Um desafio chave do setor é a compreensão dos riscos… Precisamos de financiamento misto para que as coisas mais arriscadas sejam feitas”, disse Wagner Albuquerque de Almeida, Diretor Global de Manufatura, Agronegócios e Serviços da Corporação Financeira Internacional (IFC).
As maiores fontes de financiamento das PME agrícolas são os bancos comerciais locais. No entanto, os bancos preferem investir em empresas maiores e mais maduras, tais como grossistas bem implementados e processadores locais que comandam o mercado regional ou nacional, observou o líder do Banco de Comércio e Desenvolvimento, Admassu Tadesse.
Maximizar cadeias de valor
Os membros do painel observaram também que as cadeias de valor alimentar em África não são atualmente criadas para maximizar o potencial do nosso sistema alimentar. Esta percepção crescente tem abalado os intervenientes no setor agrícola africano na procura de soluções práticas para restaurar a segurança alimentar do continente.
Existe um vasto potencial para estabelecer elos de produção e comércio, assim como sinergias entre diferentes atores ao longo de toda a cadeia de valor do agronegócio: produtores, processadores e exportadores.
Há que se criar mais cooperativas de agricultores Os peritos também apontaram a necessidade de se criar mais cooperativas e fazer com que as PME recuperem o seu poder.
“Precisamos de os ajudar a organizarem-se para criar ‘clusters’ e cooperativas e criar um sentido de profissionalização no setor”, disse Albuquerque de Almeida.
O Dr. Olagunju Ashimolowo, vice-presidente de Operações do Banco de Investimento e Desenvolvimento da CEDEAO, instou os governos a identificar cooperativas para gerir os agricultores.
Tiago Ribeiro
Estagiário