Esgoto, um problema crónico da cidade da Praia, tem revoltado os moradores dos bairros onde a situação é mais crítica. Além da Várzea, o mau cheiro espalha- se cada vez mais por bairros como Achadinha, Ponta d’Água, Achada Grande Trás, Fonton e outros.
O problema do esgoto a céu aberto na cidade da Praia é velho. Arrasta- se de câmara em câmara municipal e de governo em governo.
Na Várzea, bairro onde se situa o Palácio do Governo, é tido como um dos mais afectados. A cada dia, com o aumento da população, outros bairros da capital vêm enfrentando este problema, num quadro de autêntico atentado à saúde pública.
Por estes dias, quer nas redes sociais, quer nos meios de comunicação social, registam- se muitas queixas, sobretudo na Achadinha, Ponta d’Água e Vila Nova. Os moradores, indignados, dizem conviver desagradavelmente com o mau cheiro, dia e noite.
Dj Pensador expõe situação de Achadinha
Um vídeo publicado no Facebook, pelo DJ Pensador, um dos moradores da Achadinha, mostra o descontentamento de quem mora naquele bairro, expondo a situação de um esgoto a céu aberto que fica justamente em frente de uma habitação.
Segundo relataram os moradores, há mais de um mês que são obrigados a inspirar um cheiro nauseabundo, o que levou um idoso a ser internado com problemas graves no pulmão.
Uma outra testemunha contou também que chegou a desmaiar e ser socorrida por uma ambulância tendo estado por algum tempo com gripe e dor na garganta.
Outras pessoas que aparecem no vídeo, nomeadamente uma empresária, dona de um minimercado, contou que está a perder clientes por causa desta situação.
Enfrentar os mosquitos na Achada Grande Trás
Fora Achadinha, um outro caso há muito por resolver referente ao esgoto a céu aberto é o da Achada Grande Trás. Aqui, os moradores do programa “casa para todos” e arredores dizem-se esgotados com a situação, uma vez que não é por falta de denúncias que a situação não é resolvida. Como alegam nem a Câmara Municipal, nem a Delegacia de Saúde, e muito menos a Águas de Santiago, ou qualquer outra autoridade, os tem socorrido.
Enquanto esperam e desesperam, que cheguem as resoluções, havendo quem ameace sabotar as próximas eleições na zona, dizem viver o tempo todo no meio de mau cheiro e mosquitos, por tudo quanto é lado.
Recorrendo a outros casos, antes denunciados, os moradores de Fonton também não têm ainda este seu velho problema resolvido desde a última chamada de atenção há dois meses. Sendo assim, dizem ficar à mercê da solidariedade dos jovens que, algumas vezes, se juntam para desentupir as fossas, solução que não é permanente.
Aqui, além das autoridades competentes que não têm feito nenhuma intervenção, os moradores são também culpados pela situação. Não cuidam devidamente dos esgotos, o que provoca o seu entupimento ou obstrução.
Um problema crónico
Definitivamente, a questão dos esgotos é um problema crónico da cidade da Praia. Volta e meia, até na zona da ETAR, perto do Praia Shopping, há dias em que o esgoto extravasa, provocando um rio de água podre e mal-cheiroso.
Nalguns casos, sobretudo nos bairros mais pobres, crianças inocentes chegam a brincar nas águas imundas, além da produção de mosquitos que isso provoca, enfim, “um inferno” como classificou um morador.
AdS diz que avarias no camião “limpa fossa” estão na origem dos últimos constrangimentos
Diante da indignação dos moradores, nos últimos dias, por causa de esgotos a vazar, a Águas de Santiago (AdS), atravésdeum comunicado, divulgado naterça-feira, diz que já se encontra no terreno.
Conforme explicou, “esta situação deve-se a avarias repentinas nos caminhões ‘limpa fossa’ da AdS. Desde então, todos os esforços foram e estão a ser feitos para retomar a normalidade”.
Além deste imprevisto que “infelizmente acontece”, a AdS afirmou contudo que a utilização indevida da rede de esgoto está na origem desta situação.
Por isso, apela “uma vez mais” a toda a população da ilha de Santiago, “em especial da cidade da Praia”, ao uso correto e racional da rede de esgoto de modo a evitar tais constrangimentos.
A AdS diz esperar resolver algumas das situações denunciadas “o mais brevemente possível”.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 804, de 26 de Janeiro de 2023