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BAD garante 10 mil milhões de dólares para fazer de África o celeiro do mundo

O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento está a comprometer 10 mil milhões de dólares, nos próximos cinco anos, para impulsionar os esforços de África para acabar com a fome e tornar-se um fornecedor de alimentos básicos para si e para o resto do mundo. 

O anúncio foi feito pelo Presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, ontem, na Cimeira Alimentar Africana Dacar 2, que decorre até hoje em Diamniadio, a leste da capital senegalesa de Dakar.

Conforme nota de imprensa chegada à nossa redacção, Adesina exortou os mais de 34 chefes de Estado, 70 ministros, representantes do sector privado, agricultores, parceiros de desenvolvimento e líderes empresariais presentes, a elaborarem compactos que permitam a transformação alimentar e agrícola à escala em toda a África. 

Encorajou-os, igualmente, a tomarem medidas coletivas para desbloquear o potencial agrícola do continente para se tornar um celeiro global.

Soberania e resiliência

Sob o tema “Alimentar África: soberania e resiliência alimentares” a Cimeira Dacar 2 acontece num contexto díficil na cadeia de abastecimento provocado, por um lado, ainda pelos impactos da pandemia da Covid-19, mas, por outro, relacionado com as alterações climáticas e a invasão da Rússia à Ucrânia, que está praticamente a fazer um ano. 

Esta segunda Cimeira, promovida pelo Governo do Senegal e o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, acontece oito anos após a cimeira inaugural de Dacar 1, onde o recém-eleito Adesina anunciou que ‘Alimentar África’ era uma das prioridades estratégicas do Banco.

Na abertura da Cimeira, o Presidente do Senegal, Macky Sall, que é também o presidente da União Africana, afirmou que tinha chegado o momento de o continente se alimentar a si próprio, acrescentando valor e intensificando a utilização da tecnologia.

“Desde a quinta até ao prato, precisamos de plena soberania alimentar, e temos de aumentar as terras cultivadas e o acesso ao mercado para aumentar o comércio transfronteiriço”, defendeu.

Menos dependente das importações

Já o Presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, destacou a importância de encontro pela pertinência de trazer soluções inovadoras para ajudar África a tornar-se menos dependente das importações de alimentos.

“A soberania alimentar deveria ser a nossa nova arma de liberdade”, apelou Mahamat.

Esse responsável apelou ainda aos parceiros de desenvolvimento a trabalharem em conjunto dentro das estruturas existentes, tais como a Agenda 2063 e a Área Continental Africana de Comércio Livre, para uma transformação sustentável.

Mahamat destacou ainda o papel do BAD ao lançar iniciativas de transformação, incluindo o Mecanismo Africano de Produção Alimentar de Emergência, de 1,5 mil milhões de dólares, para ajudar a evitar uma potencial crise alimentar no continente.

O Presidente do Quénia, William Ruto, afirmou: “É uma vergonha que 60 anos depois da independência, estejamos aqui reunidos para falar sobre como nos alimentar a nós próprios; podemos e temos de fazer melhor”.

283 milhões de africanos vão para a cama com fome

Uma situação reiterada por Adesina, líder do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento que lembrou que hoje em dia, “mais de 283 milhões de africanos vão para a cama com fome todos os dias”. 

“Isto não é aceitável. Nenhuma mãe deveria jamais ter de ouvir o barulho do estômago de uma criança esfomeada. Temos de elevar a fasquia, temos de elevar a nossa ambição, temos de nos levantar e dizer a nós próprios: é tempo de alimentar África. O momento é propício, e o momento é agora. Temos de Alimentar África; temos mesmo”, disse Adesina.

Por isso, exortou os líderes presentes em Dacar a transformarem a vontade política em ações concretas. 

“Temos de apoiar fortemente os agricultores, especialmente os pequenos agricultores, a maioria dos quais são mulheres, e levar mais jovens para a agricultura; e devemos tomar a agricultura como um negócio, e não como uma atividade de desenvolvimento, e impulsionar o apoio ao setor privado”.

Zonas especiais de processamento agro-industrial 

Já o Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, chamou atenção que os países devem oferecer um apoio mais robusto aos agricultores, dedicar uma parte do orçamento nacional à agricultura e motivar os jovens e as mulheres a cultivar.

“Alimentar África é imperativo, temos de garantir que nos alimentamos hoje, amanhã, e bem no futuro”, disse Buhari.

O presidente nigeriano enalteceu ainda o trabalho do Banco Africano de Desenvolvimento ao criar zonas especiais de processamento agroindustrial em todo o continente, incluindo na Nigéria.

“As zonas especiais de processamento agroindustrial vão ‘virar o jogo’ do desenvolvimento estrutural dos setores agrícolas. Ajudar-nos-ão a gerar riqueza, desenvolver infraestruturas integradas em torno de zonas especiais de agro-processamento, e a acrescentar valor”, perspectivou. 

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