O presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC) desafiou o Governo e outras entidades para começarem a pensar nas obrigações verdes, assim como as obrigações azuis, cujas subscrições arrancaram esta segunda-feira, 24 de janeiro.
Miguel Monteiro fez a proposta esta segunda-feira,23, no Mindelo, durante uma “apresentação especial” das obrigações azuis (Blue-X), inserida no programa de recepção da regata Ocean Race.
“Porque não termos a primeira edição soberana de uma `Green Bonds´ [Obrigações Verdes] ligada ao ambiente para, efectivamente, termos este tipo de instrumento na Bolsa de Valores de Cabo Verde”, questionou o responsável, para quem este desafio pode ser concluído e permitir ao Governo “dar um sinal” aos parceiros internacionais.
Neste sentido, Miguel Monteiro sublinhou que seria “bem-vinda” uma “emissão simbólica” de, por exemplo, “dois milhões de dólares”, que poderia mostrar o contributo do executivo em instrumentos sustentáveis.
Romper com o status quo
Quanto ao Blu-X Bonds (Obrigações Azuis), o presidente da Bolsa ressaltou o facto de ser a primeira emissão desde 2013, que demonstra, a seu ver, a intenção da actual equipa de “romper com o `status quo´”.
E nesta senda, a mesma fonte congratulou-se com a decisão do Governo de isentar de impostos os emigrantes investidores na Bolsa, algo que, asseverou, vai incentivar a diáspora cabo-verdiana a “investir no seu País e no futuro da sua terra”.
“Grande momento para Cabo Verde”
O representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), parceiro da BVC na iniciativa, considerou ser um “grande momento” para Cabo Verde o lançamento desta primeira obrigação azul.
“Saímos de uma série de crises que mostram que o sistema económico baseado só no turismo não é suficiente para ter uma economia que traz Cabo Verde para o futuro, estamos a diversificar através deste tipo de financiamento”, sublinhou Christopher Lilyblad, com a ideia de ser “muito importante” uma emissão, que é uma “espécie de financiamento privado”.
Por seu lado, o presidente da comissão executiva da International Investment Bank (iibCV), entidade emitente da Blu-X, Francisco José Ferreira, afirmou a intenção deste banco em ser o banco de direito cabo-verdiano e de cariz internacional que “melhor conhece” o arquipélago.
“Marcando a diferença e fazendo diferente e procurando inovar, expandindo os horizontes que o mercado nos possibilita a cada momento”, afiançou a mesma fonte, explicando que a presente emissão nasceu em 2020 “da imaginação e intenção” dos próprios colaboradores a partir de um programa social.
Sobre Blue Bonds
A emissão da Blue Bonds visa possibilitar o desenvolvimento de projectos estruturais na área da economia azul e pretende emitir uma quantidade de 25 mil obrigações com o preço de 10 mil escudos cada, com possibilidade de se incrementar pelo emissor um montante adicional de 100 milhões de escudos.
O prazo de vencimento é de cinco anos e os interessados podem fazer subscrição desde esta segunda-feira, 23, até o dia 28 de Fevereiro. A data de liquidação física e financeira é 01 de Março.
C/ Inforpress