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Sociedade

Vai a enterrar, hoje à tarde, em Mindelo, Alberto Lopes, o “Capitão dos Mares das Ilhas” 

O funeral de Alberto Pancrácio Lopes, ex-Capitão da Marinha Mercante e figura conhecida da sociedade são-vicentina, realiza-se hoje, Terça-feira, às 16:00. O cortejo funebre vai partir da residência do falecido, na Avenida 5 Julho, no Mindelo, ilha de São Vicente.

 O “Sr. Alberto”, como era vulgarmente conhecido, tinha 97 anos e, de acordo com o neto Rui Alberto em declarações ao online Mindel Insite, nos últimos tempos, vinha perdendo forças, sobretudo depois de uma queda que o levou ao Hospital Baptista de Sousa no  Mindelo.

Contributo para o desenvolvimento da marinha mercante do país

Alberto Pancrácio Lopes, figura conhecida da sociedade são-vicentina, foi Capitão da Marinha Mercante, tendo capitaneado os navios “Novas de Alegria” e “Ernestina”. Foi igualmente dono dos Navios “Elsie” e “Vilma”, da sua própria Companhia de Marinha Mercante que, nos anos pós-Independência, ajudou a garantir o abastecimento e ligação entre as ilhas de Cabo Verde.

O “Capitão dos Mares das Ilhas”, como também era apelidado, contribuiu de forma incansável para o desenvolvimento da marinha mercante do país.

Várias foram as figuras que reagiram à morte daquele que consideram um “ilustre cabo-verdiano de fino trato” dada a sua “simpatia extrema e elegância incomparável”, com que tratava os que com ele se relacionavam.  

Dedicatória do professor, escritor e investigador Brito-Semedo 

O eminente professor, escritor e investigador, Brito-Semedo dedicou-lhe um poema de Osvaldo Alcântara que mostra a grandeza do “Lobo dos Mares das Ilhas” como era afetuosamente conhecido. Publicamos aqui, com a devida vénia, o supracitado poema de Osvaldo Alcântara que fomos buscar ao Magaine Cultural ESQUINA DO TEMPO do Professor Brito-Semedo. 

A Nação apresenta as sentidas condolências à família enlutada.

 

 “Morreu hoje o capitão de um navio das ilhas.

Não foi  porque ele era bom

e puxava afectuosamente o fumo do seu cigarro

quando falava comigo

que fui ao seu enterro.

 Nem tão-pouco porque conheci

as tragédias náuticas

que serviram de alicerce ao único poema,

entre flores e caiado de branco,

que ele escreveu nesta vida.

Fui ao seu enterro porque sou caçador de heranças

e queria confessar a minha gratidão

pela riqueza que ele deixou,

pela sua dimensão desmesurada do mundo

e pela sua incorporação no veleiro em que todos navegamos.”

 Osvaldo Alcântara, in Cântico da Manhã Futura, 1986

 

Tiago Ribeiro (Estagiário)

C/ Mindel Insite e sapo.pt

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