O artista e performer Christian Lima apresenta na tarde desta quarta-feira,14, o projeto “Torna Atxa” na Universidade de Cabo Verde, Campus de Palmarejo Grande, na cidade da Praia. O trabalho estreou em Outubro com a retoma da sua carreira após um interregno.
Trata-se de uma iniciativa que integra “Torna Bira Nobu” – uma exposição fotográfica, e “Mestri” – uma curta-metragem com uma mensagem que preconiza o retorno à inocência e, nas palavras do artista, o encontro consigo mesmo, “o Self, o Eu Interior, a Essência, o Autoconhecimento, o Coração, a Alma, a Identidade Universal”.
A iniciativa é promovida pelo Núcleo Nacional do Cinema/ Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, com o apoio da Universidade de Cabo Verde e do Centro de Língua Portuguesa na Cidade da Praia.
O projeto será apresentado às 16 horas, no Campus de Palmarejo Grande, Edifício 9, Sala nº 204.
O regresso
Recorde-se que este trabalho lançado em Outubro, marcou o retorno de Christian Lima à carreira, após um interregno.
Na altura, o artista disse que este projecto resultou de uma busca de inspiração na sonoridade de agrupamentos musicais dos anos 1990.
Com uma estética assumidamente africana, o artista explora neste trabalho a arte escultória africana, assim como particularidades das danças ritualísticas.
“A construção da personagem é suportada pela estética de beleza da Tribo Karo da Etiópia. Os Karo pintam seus rostos e corpos com uma mistura de giz pulverizado branco, entre outros materiais, como uma parte valiosa de festejos ligados à dança, à fertilidade e à cerimónias relacionadas com as suas crenças”, disse na altura.
Para além da Karo, serviram de inspiração outras tribos, como é o caso da Efik, Xhosa, Pondo e Woodabe.
A pintura corporal foi feita pela artista plástica Simone Spencer, enquanto que a fotografia esteve a cargo do fotógrafo Sandro Fonseca.
Identidade cabo-verdiana
A identidade cabo-verdiana na conceção estética da exposição fotográfica, diz o artista, está representada pela presença dos ideofones do crioulo da ilha de Santiago, que intitulam, designam e denominam as fotografias.
“O conceito dos ideofones na exposição fotográfica foi delineado e adaptado pela linguista cabo-verdiana Ana Karina Moreira, doutora em Ciências da Linguagem, mestre em Crioulística e Língua Cabo-verdiana e professora-auxiliar na Uni-CV”, fundamenta.
Já a curta-metragem, que complementa o projeto, cruza referências de várias correntes filosóficas e espirituais, deixando transparecer a crença de que não há separação entre o Mundo Espiritual e o Mundo Físico/Material.
O artista
Christian Lima, 37 anos, é natural da ilha de São Vicente, formado em teatro pelo Centro Cultural Português do Mindelo.
Do seu percurso profissional constam a fundação da Companhia de Teatro Solaris, para além de performances e trabalhos em espaços como o Festival Internacional de Teatro do Mindelo – Mindelact, o Centro de Arte de Cultura de Boa Vista (CAC), entre outros.