Arsénio Fermino de Pina, 87 anos, morreu esta quarta-feira, em Lisboa, cidade onde normalmente residia uma parte do ano, a par do Mindelo, ilha de São Vicente. Colaborador do A NAÇÃO há vários anos, era médico pediatra, pioneiro do planeamento familiar em Cabo Verde.
Natural de São Nicolau, Arsénio Fermino de Pina tem o seu nome ligado à história da saúde pública em Cabo Verde, particularmente no período pós-independência.
Militante da independência de Cabo Verde, na clandestinidade em Portugal e no seu arquipélago natal, juntamente com outros colegas foi responsável pelo sistema de planeamento familiar, através do célebre “PMI/PF” (Programa Materno Infantil-Planeamento Familiar), montado na ilha de São Vicente em 1977 e que, depois, com o seu sucesso, seria estendido às restantes ilhas deste arquipélago.
Em resultado desse programa, que incluía campanhas de vacinação e educação familiar, programa essa apoiado pelo governo sueco, o número de filhos por mulheres foi reduzindo, melhorando com isso as condições de saúde dessa camada da população, bem como das crianças cabo-verdianas.
Arsénio Fermino de Pina foi também quadro da Organização Mundial de Saúde (OMS) em vários países africanos, experiência essa que foi relatando em vários dos seus artigos em jornais e revistas.
Colaborador do A NAÇÃO
Aliás, cidadão atento e crítico, Arsénio de Pina tinha uma verdadeira paixão pela escrita cívica. Foi colaborador de vários periódicos, inclusive no A NAÇÃO. Aqui publicou inúmeros dos seus artigos, normalmente, sobre a saúde pública, mas também sobre a política e questões internacionais. Era um crítico do neoliberalismo selvagem e anti-ambientalista, mas também dos regimes autoritários, inclusive o que vigorou em Cabo Verde de 1975 a 1991.
Arsénio de Pina foi, entre outras iniciativas, membro da Adeco (Associação de Defesa dos Consumidores) e do Congresso dos Quadros Cabo-verdianos na Diáspora.
Autor de vários livros, além de manuais e outros textos da sua especialidade, entre outros, são suas as seguintes obras: Uli-me li!! (1999), Fi d’cadon! (1999), Você falou de Economia de Bazar? (2000), Coisas do Djunga!… (2002)…
Ultimamente, ele e a irmã Carlota Barros estavam a trabalhar numa biografia do pai, Hermano de Pina, médico também, em várias ilhas de Cabo Verde e em Moçambique, no período colonial.
Infelizmente, por imposição da vida, vamos deixar de poder contar e apreciar os escritos deste nosso velho amigo e colaborador, Arsénio Fermino de Pina.
Aos seus familiares e amigos deste nosso colaborador as mais sentidas condolências do A NAÇÃO.