Os eleitores norte-americanos votam, hoje, 8 de Novembro, nas eleições intercalares para a escolha da totalidade dos membros da Câmara dos Representantes e ainda 35 lugares no Senado. As sondagens dizem que o Partido Republicano pode vir a ter o domínio total do Congresso, o que seria um passo para o regresso de Trump daqui a dois anos.
Na Câmara dos Representantes, os democratas têm, actualmente, uma estreita maioria de cinco assentos, enquanto que no Senado, essa maioria é apenas graças ao voto de desempate da vice-presidente Kamala Harris.
Assim, as eleições intercalares de hoje vão determinar qual dos dois partidos, democrata ou Republicano, controlará o Congresso (Câmara dos Representantes e Senado) nos dois últimos anos do mandato do Presidente Biden que, em caso de uma derrota muito pesada, pode ver complicar-se ainda mais o cenário de um segundo mandato presidencial.
Alem dos 435 lugares na Câmara dos Representantes e ainda 35 dos 100 lugares no Senado, nestas eleições intercalares também estão em jogo a eleição dos governadores de 36 dos 50 estados e de mais três territórios assim como vários referendos estaduais a medidas sobre questões-chave, incluindo aborto e drogas leves.
Sondagens dão victória à oposição republicana
De acordo com as últimas sondagens, a oposição republicana tem boas hipóteses de conquistar pelo menos 10 a 25 assentos na Câmara dos Representantes – mais do que suficiente para alcançar a maioria.
Quanto ao Senado, há mais dúvidas, mas os republicanos parecem ter a vantagem também.
Os analistas admitem a forte possibilidade de os Republicanos poderem vir a tomar conta do Congresso, tendo em atenção, não só o resultado das sondagens como também o facto de os grandes temas em debate estar a favorecê-los, nomeadamente alguma incapacidade da Administração Biden para resolver a inflação recorde em quatro décadas, os preços altos da energia, criminalidade urbana, e violência.
No entanto, os Democratas também levam vantagem em questões como o aborto, o racismo, a saúde, as alterações climáticas.
Porém, esses mesmos analistas alertam que, nas intercalares, conta mais o voto mais local – e o que as sondagens mostram é que os temas mais Republicanos estão a favorecer essa tendência de adesão local dos eleitores.
As eleições intercalares
As eleições intercalares nos Estados Unidos (“midterms”) acontecem a cada quatro anos – dois anos depois das eleições Presidenciais, ou seja, a meio do mandato presidencial, sendo que as últimas tiveram lugar em 2020. Estas eleições acabam por ser um referendo sobre o ocupante da Casa Branca e, em mais de 160 anos, o partido do Presidente raramente escapou ao voto sancionatório.
Geralmente, nestas eleições, escolhem-se os parlamentares para as duas câmaras do Congresso norte-americano: o Senado e a Câmara de Representantes. Para o Senado são cerca de um terço dos 100 lugares (este ano, são 35 lugares) e para a Câmara de Representantes escolhe-se a totalidade dos 435 lugares.
Os senadores são escolhidos para um mandato de seis anos.
Cada Estado tem direito a dois senadores (independentemente do seu tamanho ou população), mas para a Câmara de Representantes os lugares são distribuídos em função da dimensão de cada Estado.
As eleições também servem para, em vários estados e cidades, escolher governadores, conselhos municipais e até conselhos diretivos de escolas públicas. Este ano, vão ser escolhidos 39 governadores (36 de estados e três de territórios).
As eleições deste ano incluem ainda 129 boletins de voto (em 36 estados) com questões de referendo a matérias relacionadas com o direito ao aborto.
FBI reforça medidas de segurança
Estas intercalares são as primeiras eleições a terem lugar depois do ataque ao Capitólio, a 6 de Janeiro de 2020, e os serviços de informações norte-americanos emitiram um alerta para episódios de extremismo interno violento.
Os alvos potenciais da violência incluem os candidatos ao Congresso, mas, também, representantes dos partidos, funcionários das mesas de voto, representantes de minorias raciais e religiosas e alguns órgãos da comunicação social norte-americana.
O FBI e as outras agências recomendam um reforço das medidas de segurança nos próximos dias.
Recorde-se que o cerco, ataque e invasão à sede do Congresso americano com o apoio de milhares de manifestantes e apoiantes do então presidente Donald Trump, alguns deles armados, para impedir a ratificação da eleição de Biden, depois de ouvir o discurso do então presidente Trump de não aceitar a derrota, algo absolutamente inédito na história dos EUA.