A líder do partido Irmãos de Itália (Fdl de extrema-direita), Giorgia Meloni, tomou, hoje, posse como primeira-ministra, tornando-se a primeira mulher a assumir este cargo na história da Itália.
Depois de prestar juramento perante o Presidente da República, Sérgio Mattarella, numa cerimónia que teve lugar no Salão das Festas do Palácio do Quirinal, em Roma, Giorgia Meloni assinou o decreto da sua nomeação como chefe de um governo integrado por 24
ministros.
O juramento contou com a presença de todos os ministros e, como manda o protocolo, também com a presença do subsecretário da Presidência do Governo, Alfredo Mantovano, um dos cargos mais influentes do executivo e que tomará posse durante o primeiro Conselho de Ministros, que terá lugar amanhã, domingo, 23.
Distribuição dos ministérios
Dos 24 ministérios e do subsecretário da Presidência (Alfredo Mantovano) do Governo de Meloni, oito serão para o seu partido, Irmãos de Itália, quatro para a Liga de Matteo Salvini e seis para o partido conservador Força Itália, de Sílvio Berlusconi. Os restantes ministérios serão ocupados por técnicos.
Tida como eurocética notória, Meloni desistiu de fazer campanha pela saída de Itália do euro, mas prometeu defender mais os interesses do seu país em Bruxelas — numa altura em que o crescimento do país depende dos quase 200 mil milhões de euros de subsídios e empréstimos concedidos pela UE a Itália, no âmbito do seu fundo de recuperação pós- pandemia de covid-19.
Presidente da Comissão Europeia felicita Giorgia Meloni
Os dirigentes das instituições europeias felicitaram hoje Giorgia Meloni como primeira- ministra de Itália e por ser a primeira mulher a ocupar este cargo, pedindo à líder do partido de extrema-direita “Irmãos de Itália”, uma “cooperação construtiva”.
“Parabéns Giorgia pela sua nomeação como primeira-ministra italiana, a primeira mulher a ocupar o cargo”, disse a presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula Von der Leyen, que em 2019 também se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe do executivo europeu.
“Conto e espero uma cooperação construtiva com o novo Governo relativamente aos desafios que enfrentamos em conjunto”, acrescentou Von der Leyen.
Na mesma linha, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou: “Vamos trabalhar juntos em benefício da Itália e da União Europeia”.
Quem é Giorgia Meloni?
Aos 15 anos, Giorgia Melon, ingressou na Frente da Juventude, a organização juvenil do antigo Movimento Social Italiano (MSI), um partido neofascista fundado em 1946 por seguidores do falecido ditador Benito Mussolini que, 1996, foi alvo de rasgados elogios por parte de Giorgia Meloni: «Mussolini foi um bom político, tudo o que fez, fez pela Itália».
Entre outros aspectos relevantes da sua carreira política, destaca-se a sua eleição como deputada do partido Alianza Nacional (AN) e nomeação como vice-presidente da Câmara dos Deputados, aos 29 anos. Em 2008, foi Ministra da Juventude no governo do conservador Sílvio Berlusconi, a mais jovem ministra da história republicana de Itália.
Em 2012, fundou o partido Irmãos da Itália (FdI), depois de deixar o partido de Berlusconi, mantendo-o, entretanto, como seu aliado para as eleições de 2013, o mesmo acontecendo com a Liga Norte de Matteo Salvini. Em 2018, o partido Irmãos da Itália participou nas eleições gerais e obtém 4,3% dos votos, tornando-se no quinto partido do país.
“Ano clave”
O ano de 2022 é considerado “ano clave” na carreira política de Giorgia Meloni, uma vez que, além de ter formado a coligação de extrema-direita, aproveitou-se, para, em plena campanha eleitoral, distanciar-se do fascismo a que vinha sendo associada.
“A direita italiana relegou o fascismo à história por décadas, condenando inequivocamente a privação da democracia e as infames leis anti-judaicas. E obviamente a nossa condenação do nazismo e do comunismo também é inequívoca”, afirmou num vídeo em inglês, francês e
espanhol.
C/Agências