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Agravamento das condições de mobilidade dos cabo-verdianos: Os elevados custos das passagens e os suplícios na obtenção dos vistos

Por: Daniela Horta

Verdade seja dita! Quando José Maria Neves liderou este país (2001-2016), o modelo de governação adotado para os transportes aéreos oferecia melhores condições de mobilidade aos Cabo-Verdianos.

Com todas as dificuldades financeiras e problemas profundos vivenciados na TACV, o ex-Primeiro Ministro, José Maria Neves, conseguiu sustentar e a TACV sobreviveu, e os cabo-verdianos viviam mais felizes.

Este governo começou em 2016 e pelo tempo vê-se que não há persistência na implementação de políticas para a melhoria das condições de vida do povo.

Está sendo uma afronta para os cabo-verdianos suportarem, no tempo atual, os custos para realização de uma viagem de lazer/turismo, negócios, visita a familiares e amigos e até por razões médicas, dentro e fora do país.

Primeiramente, nem se fala dos preços praticados pela Bestfly CV, designação comercial da TICV-Transportes Interilhas de Cabo Verde, que faz a ligação entre as ilhas e não consegue dinamizar a economia que gira à volta dos transportes aéreos de um país insular.

De uma vez por todas, deve-se parar de praticar preços exorbitantes para se viajar dentro de Cabo Verde e abrir caminho para que os cabo-verdianos possam usufruir de suas belas ilhas, promovendo o turismo interno.

Já está na hora de viajar para as nossas ilhas a um preço justo com o objetivo de atingir maior união e conectividade, com introdução da ilha Brava na rota e construir o aeroporto de raiz na ilha de Santo Antão, inativado desde 1999.

De modo similar, o transporte marítimo assumido pela CV Interilhas é caro e instável, o passageiro pode seguir viagem até o destino, mas poderá não voltar, e ficar retido na ilha com sérias consequências e prejuízos.

Viajar para fora tornou-se uma miragem

1. Viajar para Portugal: ficou complicado, soube agora que uma única peça para Lisboa, através da TAP, pode custar aos bolsos dos cabo-verdianos o valor de 70 mil ECV (somente ida) e pergunto como fazer para voltar?

2. Viajar para o Rio de Janeiro: anteriormente ia-se através da companhia cabo-verdiana até Fortaleza e depois seguia-se com uma companhia brasileira até o destino final. Atualmente, para viajar para esta região do globo, tem que se fazer escala em Lisboa, pagar o valor proposto para Portugal e mais um balúrdio para chegar ao destino brasileiro pretendido. Pessoalmente, viajei muito para este destino e pagava à volta de 100 mil ECV e, atualmente, custa cerca de 200 mil ECV.

3. Viajar para os Estados Unidos: anteriormente seguia-se num voo direto até Boston-Massachusetts na companhia cabo-verdiana. Agora tem-se de utilizar a linha portuguesa (TAP ou SATA) para fazer escala em Lisboa ou em Ponta Delgada, para depois seguir viagem ao destino norte-americano, com duplicação do preço.

4. Viajar para as Ilhas Canárias, um território espanhol maravilhoso perto de Cabo Verde:  anteriormente seguia-se Praia-Las Palmas direto, mas ao que parece existe um “contrato” com a Bestfly CV que obriga os cabo-verdianos a pagarem um bilhete até à Ilha do Sal, e, assim, obter o meio de conseguir o voo para Las Palmas.

Sem falar que o passaporte Cabo-verdiano é um passaporte fraco. Segue uma lista de 64 países, no qual os cabo-verdianos entram sem visto ou obtêm o visto à entrada. O último país que entrou foi Barbados (terra da cantora Rihanna), mas trata-se de uma fantochada de lista. A maioria dos países constantes desta lista são longínquos e tem-se de obter um visto na mesma, para se manter durante as escalas obrigatórias, até se chegar nesses países.

Processo de obtenção de vistos está um suplício

O processo de obtenção de vistos está um suplício. Embaixadas “all closed” com vagas só para o próximo ano.

O Centro Comum de Visto (CCV) na Praia, responsável por conceder vistos para países pertencentes ao Espaço Schengen, sendo estes os Países Baixos, Itália, Noruega, Alemanha, Luxemburgo, França, Finlândia, Eslováquia, Portugal, Grécia, Eslovénia, Suécia, Bélgica, Áustria e República Checa, tem de melhorar o tratamento e o serviço prestado aos cabo-verdianos, sabendo que estão sendo pagos para isso.

Exorto ao Ministério da tutela que reveja as condições e melhore as relações de cooperação e diplomáticas com o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, entidade responsável por gerir o Centro Comum de Vistos na Praia.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 787, de 29 de Setembro de 2022

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