Os empresários que actuam no sector agrário em Santo Antão estão entusiasmados com a implementação do ensino superior na ilha. A componente investigativa é o que mais atrai estes empresários que, cada vez mais, apostam na modernização da agricultura, através de tecnologias e técnicas atuais e sustentáveis.
Para Lucas Leite Monteiro, promotor do projecto Ecofarm, de produção de produtos agrícolas orgânicos, no Vale da Garça, próximo de Chã de Igreja, na Ribeira Grande, a universidade na ilha será uma “mais valia” para os produtores locais. “Só não temos produzido mais porque não temos uma agricultura que nos permite produzir em escala”, diz.
A implementação deste instituto, do ponto de vista deste empresário, vai marcar “uma nova era” da agricultura em Santo Antão e vai “contaminar” os agricultores na promoção da agricultura de precisão e consequentemente melhorar a produção.
Investigação
Inclusive, o Ecofarm dispõe de um protocolo rubricado com a Universidade Técnica do Atlântico que vai permitir com que os estudantes do ISCTA-SA façam investigações nas áreas agrícolas do projecto. São 1500 m2 que se pretende dedicar a pesquisa agrária e que vai beneficiar os estudantes universitários em Santo Antão.
Lucas Leite diz que pessoas com nível académico “muito alto” vão coordenar as pesquisas, em colaboração com a Universidade Federal do Espírito Santo, no Brasil, o que, segundo diz, vai beneficiar também a universidade em Santo Antão com tecnologias agrárias “nunca vistas” em Cabo Verde.
Cooperação e aposta no setor primário
Com mesmo entusiasmo, a empresa de água e energia Aquasun, que tem em andamento um projeto de modernização da agricultura em Porto Novo, enaltece os avanços na implementação do ensino superior na ilha e mostra-se interessada na valência investigativa que pode proporcionar aos projetos locais.
António Osório, presidente da empresa, diz que há interesse em colaborar com a universidade em iniciativas conjuntas de pesquisas, juntamente com outras universidades internacionais.
“Parcerias deste género possibilitariam à escola superior agrária adquirir competências essências para se tornar numa escola de referência nacional e regional no futuro. Somos defensores de uma relação próxima entre as empresas, os empresários, os gestores e as comunidades científicas, nomeadamente as universidades e escolas técnicas”, defende Osório.
Nesse sentido, sendo Santo Antão uma ilha eminentemente agrícola, é com agrado que a Aquasun vê a possibilidade de existir uma escola superior agrária, na qual se implemente um ensino de “elevada qualidade e rigor”, ao nível do que de melhor se faz pelo mundo.
António Osório diz ser “absolutamente necessário” que Cabo Verde aposte no sector primário, para que se torne um país que produz os alimentos essenciais de consumo e que reduza o peso da importação de alimentos, reduzindo assim o desequilíbrio da balança comercial, ao mesmo tempo que cria riqueza para o país.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 784, de 08 de Setembro de 2022