Mais de nove mil crianças da ilha do Fogo retornam, no dia 19 de Setembro, às salas de aulas. O acto central (nacional) do começo do Ano Lectivo 2022/23, tem como palco a Cidade de São Filipe -sede de um dos três concelhos da “Ilha do Vulcão” -, numa cerimónia dirigida pelo Primeiro Ministro, Ulisses Correia e Silva.
O Município de São Filipe, que ocupa a maior área territorial da ilha do Fogo e concentra mais de metade da sua população, é o que terá maior número de estudantes, sendo que a previsão – segundo o delegado do Ministério da Educação, Emanuel Barbosa -, aponta para perto de seis mil alunos (mais concretamente, cinco mil 897 matriculados), do Pré-Escolar ao 12º ano de Escolaridade.
Estão distribuídos pelo Pré-Escolar (811), repartidos por 27 estabelecimentos; Ensino Básico Obrigatório (três mil 694); Ensino Secundário (mil 392).
No total, há 208 turmas, distribuídas por 26 escolas dos quatro agrupamentos existentes.
Para assegurar “o normal funcionamento das aulas”, a Delegação conta com um total de 273 professores, ou seja: o mesmo do ano passado.
“A previsão é iniciarmos o Ano Lectivo com a classe docente completa”, anuncia o delegado da Educação, Emanuel Barbosa, vincando que “as necessidades do pessoal docente já foram contabilizadas”, resumindo-se, “basicamente, a licenças sem vencimento, aposentações e contratos até 31 de Julho”.
As actividades de preparação do Ano Lectivo 2022/2023, “começaram com sucesso e já estão criadas as condições necessárias”, para “uma leccionação dentro da normalidade”.
À semelhança do Ano Lectivo passado – garante Barbosa -, haverão aulas presenciais e a tempo integral, com carga horária completa, pese embora se mantenha, ainda, o plano de prevenção da pandemia de Covid-19.
“Por isso, será um Ano Lectivo marcado, ainda, pela incerteza, dependente da evolução da pandemia”, avisa Barbosa.
Prioridades
Resumidamente, a prioridade para o Ano Lectivo entrante, “é continuar a estabelecer um quadro sereno, propício às aprendizagens e à retoma da vida colectiva”, a par da redução das lacunas resultantes da crise sanitária, “implicando a identificação das necessidades específicas de cada aluno”, em ordem a serem atendidas de forma personalizada.
“O Ano Lectivo 2022/2023 continuará a ter as cinco prioridades elencadas nas ‘Orientações do Ano Lectivo 2021/2022’, ou seja: preservar a saúde e o bem-estar dos alunos e do pessoal docente e não-docente; desenvolver o espírito de equipa e privilegiar a inter-acção directa entre os professores e os alunos para transmitir conhecimentos, competências e reduzir as disparidades; assegurar a plena inclusão de todas as crianças e jovens com necessidades educativas especiais; transmitir valores cívicos como respeito pelos
outros e comprometidos com a cidadania, ensino da Educação Moral e Cívica, combate a todas as formas de discriminação e assédios; e lutar contra o abandono escolar, adaptando-se às necessidades específicas de cada aluno e de cada escola”, destaca o delegado Barbosa.
Ainda no rol dos objectivos prioritários, Barbosa aponta “a consolidação das aprendizagens, trabalhadas no Ano Lectivo 2021/2022, assim como os não-trabalhados durante os três últimos anos escolares, por motivo da redução da carga horária lectiva.
“Trabalharemos, também, os conteúdos previstos, adoptaremos as metodologias activas, sem se esquecer do ensino colaborativo e híbrido, com foco na avaliação formativa”, acrescenta Barbosa.
Reforço das regras de higiene
Emanuel Barbosa destaca, também, que a Delegação que dirige vai continuar com o reforço do cumprimento das regras de higiene e de saneamento das escolas, a par da promoção e modificação dos comportamentos, com o objectivo de “aumentar a intensidade e a frequência das actividades de limpeza e de desinfecção”, melhorando as práticas da gestão do lixo.
“Vamos garantir o distancia mento social, aplicaremos a terceira dose da vacinação a todos os professores e funcionários das escolas, manteremos um rácio/ turma de 36 alunos por sala, melhoraremos as condições de higienização, disponibilizaremos água, sabão e álcool gel, criaremos regras para a utilização das salas do pessoal docente e não-docente, de modo a promovermos e a mantermos a segurança sanitária de todos”, lista Barbosa.
Planificação e reabilitação de salas
Quanto às actividades de planificação pedagógica, o delegado do Ministério da Educação em São Filipe aponta um conjunto de acções, com relevo para a planificação de actividades de recuperação e administração dos conteúdos essenciais, preparação de um plano de recuperação das aprendizagens pelos professores, consolidação das aprendizagens, capacitação dos docentes visando o seu desenvolvimento profissional e a melhoria da supervisão pedagógica.
Estão igualmente previstas acções visando a promoção da partilha de boas-práticas, coordenações concelhias – a nível do Primeiro e Segundo Ciclos dos Ensino Básico Obrigatório e Secundário (antigo Liceu), assim como, a promoção de coordenações nacionais, nivelamento dos conteúdos e uniformização (a nível nacional).
Em termos de infraestruturas escolares e equipamentos, a Delegação de São Filipe dispõe de um plano de manutenção que já se encontra em fase de implementação.
Emanuel Barbosa aponta a reabilitação da Escola Básica de Italiano (no Norte) que é financiada pela Organização Não-Governamental (ONG) Luxemburguesa ‘Beetbuerg Helleft’, com uma comparticipação do Ministério, no valor de quase dois mil e 500 contos.
Também está sendo construída, de raíz, uma Escola Básica na localidade de Jardim, financiada pela mesma ONG.
Ainda no domínio da reabilitação, “várias Escolas Básicas estão sendo pintadas assim como a reparação de equipamentos escolares”.
Constam igualmente diversas outras intervenções e melhorias escolares, nomedamete a vedação da Escola de Patim, a construção de uma cantina na Escola Secundária (Liceu) “Dr. Teixeira de Sousa”, na Cidade de São Filipe.
Assistência social
As Cantinas Escolares estão em condições de funcionamento e disponibilização das refeições quentes, logo no primeiro dia de aulas, ou seja, 19 de Setembro.
“Os géneros alimentícios de base já estão em São Filipe”, assegura Barbosa, prometendo que os “Kits” escolares serão disponibilizados durante o mês de Setembro, pois, as listas Indicativas dos beneficiários “já estão concluídas, contemplando, inclusive, a integração dos alunos do Primeiro Ano de Escolaridade”.
No referente ao transporte escolar, a Delegação de Educação está a trabalhar em estreita articulação com a Câmara Municipal de São Filipe para garantir o seu funcionamento, “também, já a partir do primeiro dia de aulas”.
Centros de Ensino à Distância: “a grande novidade”
A montagem de um Centro de Ensino à Distancia (EAD), que “serão pontos de acesso e gestão da formação dos professores, é a grande novidade” para o novo Ano Lectivo.
“No caso de São Filipe, o centro será instalado numa das salas da Delegação Escolar. Trata-se de uma infraestrutura física e tecnológica, com recursos bibliográficos para as áreas técnicas, além da literatura, recursos multimédia, entre outros, para uma verdadeira gestão da formação”, explica Barbosa.
Assim, esse centro vai garantir a promoção de “acções dirigidas às necessidades efectivas do sistema e dos profissionais da educação”, através de uma estrutura de suporte da educação à distância, sustentada com recursos humanos encarregues de coordenar e operacionalizar a formação – a nível central e local.
Outra novidade é a abertura da Escola Básica de Jardim/Batente, na Zona Sul do Município de São Filipe, que vai funcionar com os alunos do Primeiro ao Quarto anos.
“Vão deixar, assim, de se deslocarem à localidade de Patim, para assistirem as aulas”, destaca Barbosa.
Ainda no rol das “novidades” para São Filipe, acrescem-se, entre outras: a implementação do Nono Ano, na Escola de Patim (na Zona Sul), no sentido de se descongestionar o Liceu “Dr. Teixeira de Sousa” (na Cidade de São Filipe); e a atribuição de refeições quentes aos alunos do Sétimo e do Oitavo anos nas duas Escolas
Secundárias do Concelho – “Dr. Teixeira de Sousa” e “Comandante Pedro Verona Pires” (em Ponta Verde).
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 784, de 08 de Setembro de 2022