O Partido Africano para Independência de Cabo Verde (PAICV) considera que o Governo de Cabo Verde “lavou as mãos” com os resultados do inquérito que mandou instaurar, no processo que culminou na morte do adolescente Djony, na Brava. Neste e noutros processos, o partido da oposição exorta o executivo a “assumir as suas responsabilidades”.
“Com os resultados deste inquérito o Governo quis lavar as suas mãos, concluindo que ninguém é responsável. Nem mesmo o sistema de transporte que não funcionou implicou a assunção de responsabilidade de ninguém”, destacou o partido, em comunicado enviado à imprensa.
Ainda a propósito dos transportes, o partido diz que o país está, literalmente, “no mar de amarguras”.
“Está cada dia pior e é o próprio Governo a reconhecer isso e é o povo a pagar com grandes sacrifícios e enormes perdas materiais, financeiras e em termos de tempo”, constatou, denunciando o não funcionamento dos transportes marítimos e uma “crise profunda” nos transportes aéreos.
Emprofac
Outro ponto que mereceu a atenção do Estrela Negra é a situação da Emprofac, no qual acusa o Governo, uma vez mais, de fugir das responsabilidades.
“Pura manobra de diversão, para esconder os desmandos e a tamanha irresponsabilidade do Governo na gestão dos recursos públicos”, acusou, questionando “como que o Governo é capaz de esclarecer aos cabo-verdianos o prejuízo de mais de 50 mil contos nessa empresa de comercialização de medicamentos”.
“Como que se justifica que a mesma empresa tenha queimado mais de 200 mil contos em medicamentos, em plena crise, num país onde as pessoas passam sacrifícios para cuidar da sua saúde” é outro questionamento deixado pela oposição, para quem o que aconteceu é “imoral e é um crime que deve exigir das autoridades competentes uma investigação séria”.
Aumento do custo de vida
O PAICV volta a trazer à discussão também o aumento do custo de vida dos cabo-verdianos, sem que haja, no seu entender, uma resposta adequada.
“Há poucos meses o executivo anunciou um conjunto de medidas que, por um lado, não foram implementadas como se comprometeu com os cabo-verdianos e, por outro lado, estão longe de ter os impactos necessários nas vidas das pessoas e das famílias”, acusou.
Apesar das chuvas, diz, o renovar da esperança das pessoas não é o suficiente, num momento em que os camponeses precisam de um verdadeiro apoio do Estado para aproveitar, de melhor forma, este período pluvioso e garantir uma boa faina agrícola e aumentar o seu rendimento.
Ajustar as políticas
O PAICV exorta o Governo a ajustar as políticas de solidariedade “para criar ou reforçar as almofadas para suportar a crise e contribuir para que as pessoas vivam com dignidade”.
“A população cabo-verdiana já aguentou e já suportou tudo que podia suportar e é chegada a hora de o Governo responder com outras medidas para livrar o povo dos profundos impactos desta situação”, pediu.