A família do ex-namorado de Edine Soares, desaparecida em 2017, junto com o seu bebé, alegadamente a caminho do PMI, diz-se “revoltada e “constrangida”, após uma operação de busca e apreensão da Polícia Judiciária, desencadeada esta quinta-feira, na sua residência, em Achada Grande Frente, Praia.
Como noticiado mais cedo pelo A Nação, a Polícia Judiciária levou a cabo uma operação, na referida residência, supostamente no âmbito do processo de desaparecimento, em 2017, de Edine Soares e do seu bebé, com semanas de vida.
A operação, segundo mandado emitido pelo Tribunal da Comarca da Praia, agora na posse da família, inclui a residência de Carlos Alberto Semedo, considerado suspeito, “incluindo suas dependências e anexos”, para “apreensão de arma, dinheiros, documentos, papéis, roupas, telemóveis, cartões SIM, ossadas” e “quaisquer outros objectos ou instrumentos que sirvam a prova, relacionadas com a prática dos crimes de homicídio agravado e atentado contra a integridade de cadáver”.
Operação de 5h30
Durante a operação, que, segundo Paula Silva, mãe do suspeito, começou às 10h da manhã e estendeu-se até as 15h30, a PJ, para além de fazer buscas na residência, fez também escavações, em pelo menos três dependências da casa e abriu uma fossa.
Entretanto, diz Paula, ao fim das buscas na fossa, que contaram com o apoio do serviço de bombeiros, “nada foi encontrado”.
Já nos demais anexos, diz, a PJ encontrou um “pedaço pequeno de osso”, que levou para averiguação, mas que, segundo diz, pode ser de qualquer entulho que estava no terreno, antes da construção, feita pelo pai, já falecido.
Constrangimento
Paula Silva diz-se constrangida, após uma operação que, considera, não teve razão de ser, porquanto, recorda, à altura do desaparecimento da mãe e do bebé, supostamente a caminho do PMI, na Fazenda, o filho tinha ido ao mar.
“O meu filho estava intimado para responder hoje, na sede da PJ, em Achada Grande Frente. Saímos de casa e, pelo caminho, recebi uma chamada a dizer que a polícia tinha chegado aqui em casa”, conta ao A Nação, após o fim das buscas.
Quando chegou em casa, continuou, encontrou o local cercado e foi informada que seriam feitas buscas. Entretanto, alega, a ordem de busca do tribunal só lhe foi apresentada no final da operação.
“Revistaram os pisos e não encontraram nada. Depois vieram com uma máquina e começaram a procurar no chão, alegando que a mesma estava a apitar. Disse que poderiam arrebentar o chão porque não temos nada a temer”, contou.
Revoltada diz, também, estar pelas escavações feitas na residência, sem que, no final, o piso tenha sido reposto.
“Deram-nos um papel para levar no juiz para, daí, ser enviado um pedreiro para concertar o piso”, explica.
Questionamentos
Paula Silva questiona ainda o motivo da busca, no caso em especifico, já que, no seu entender, a polícia não está a fazer o mesmo trabalho nos casos semelhantes, registados na Cidade da Praia.
Acusa ainda a PJ de ter tentando induzir o filho a confessar o crime, quando, “há dois ou três anos”, foi interrogado, “durante um dia inteiro”, na sede daquela polícia.
A mesma diz que já acionou o advogado e que vai apresentar uma queixa no Tribunal, contra aquilo que denomina de “abuso de autoridade”.
O caso
Da versão oficial do desaparecimento, consta que Edine Jandira Soares deixou a casa em Achada Grande Frente, no dia 28 de Agosto de 2017, alegando que ia levar o seu bebé, Maurício, de menos de um mês de vida, para o controlo no PMI (Programa Materno-Infantil), na Fazenda, e nunca mais foram vistos.