Mirian Lopes, 25 anos, descobriu a música no seio familiar no Tarrafal de Santiago e na cidade da Praia. Actualmente, mesmo estando a trabalhar como técnica de cardiopneumologia, em Portugal, decidiu-se aventurar na carreira artística, com o lançamento de mais uma produção discográfica.
Mims é o nome artístico de Mirian Rodrigues Lopes, natural de Biscainhos, Tarrafal de Santiago. Mas foi a capital do país, Praia, que a viu crescer até mudar-se para Portugal onde continuou os estudos em Fisiologia Clínica, exercendo como técnica de cardiopneumologia.
Agora, depois de quatro lançamentos, esta jovem cabo-verdiana radicada em Lisboa prepara-se para um novo lançamento musical.
Produzido por Lenno Beatz, “Vida Ricu” será um single dançante, que, segundo Mims Lopes, traz muita energia, alegria e é dedicada especialmente aos jovens como ela que gostam de uma boa vibração.
“Vida Ricu representa o meu terceiro projecto nesse estilo de afro e é o penúltimo antes da nova incubação de Mims Lopes. Após o ‘Vida Ricu’, juntamente com o Lenno Beatz, vamos estar à volta de um outro projecto musical fantástico que ainda está em construção, mas cujo lançamento em Portugal já podemos garantir”.
Música desde criança
Aos 25 anos, Mims diz que a sua ligação à música não é de agora. “Ela começou bem cedo, ainda na infância praticamente, porque na minha família sempre gostamos do batuco…
Como tenho um primo que gosta da cultura tradicional de Cabo Verde, ele sempre promoveu essa prática na nossa família”.
A partir de então Mims passou a frequentar o coral da igreja e participou de vários concursos musicais e, devido à sua desenvoltura, adolescente ainda, começou a receber convites para actuar.
“Na infância participei de alguns concursos, apresentações com uma influência musical mais tradicional, ligada à morna, coladeira, entre outros géneros, e participei do grupo coral da minha paróquia na Achada São Filipe, e essa foi, sem dúvida, uma das melhores experiências construtivas que obtive durante o meu trajecto”.
Quatro composições no mercado
Quanto a músicas da sua autoria, actualmente a cantora tem quatro composições no mercado, nomeadamente, There Were Times, Ti Ki Manxi, Don’t Kill My Vibe e Akredita.
“Artisticamente, comecei a colocar os meus trabalhos no mercado em 2019, mas antes disso já havia lançado um cover da música Mãe, de Denis Graça, que acabou por ser muito acolhido e com isso, acabei
por fazer o lançamento do meu primeiro single, em inglês, o que me ajudou a explorar mais o mercado”.
Primazia à música tradicional
A música tradicional é o estilo principal, mas não se define como uma artista de um gênero só, pois diz que a música lhe faz expressar de diferentes formas.
“Não defino um género específico, mas, sem dúvidas, o tradicional é o estilo que me conecta mais com a calma.
No entanto, não abro mão de um género mais comercial que me faz vibrar, sentir alegria e o ‘brio de corpo’ de uma verdadeira cabo-verdiana”.
“A nossa música tradicional sempre foi e sempre será a nossa melhor forma de nos expressarmos. É através dela que o nosso país é conhecido pelo mundo fora, como a terra da morna e da coladeira, do funaná… Porém, em comparação com a modernidade musical tanto em Cabo Verde como no exterior, creio que ela acaba por não ter muita saída para quem quer estabilizar-se musicalmente”.
Para já, a meta é concluir os projectos musicais em carteira e fazer o lançamento dos mesmos, na sua terra natal, Cabo Verde.
“O meu objectivo agora é a estabilização artística pois é através da música que sinto a minha vida de forma completa porque não há nada melhor do que cantar em casa”, conclui.
Tiana Silva
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 783, de 01 de Setembro de 2022