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Diáspora

Combate à fome: Grupo de cidadãos une-se para apoiar famílias vulneráveis

@Fundação Rosa Luxemburgo

Um grupo de cidadãos, residentes no país e diáspora está a promover uma campanha de apadrinhamento para apoiar famílias carenciadas com pessoas com deficiência e idosos isolados, com cestas básicas mensais. O objetivo é combater a insegurança alimentar decorrente da inflação de preços e seca, garantindo uma alimentação adequada e digna.

O GACSA – Grupo de Acção Cívica pela Segurança Alimentar e Nutricional está a lançar uma campanha de apadrinhamento de famílias vulneráveis em Cabo Verde, às quais irá oferecer uma cesta básica mensal. O alvo são famílias carenciadas com pessoas com deficiência e idosos isolados.

As sucessivas secas e o aumento dos preços dos bens de primeira necessidade, como se sabe, devido à guerra na Ucrânia, estão a causar um grande impacto nas condições de vida de muitas famílias, sendo que neste momento 30% da população em Cabo Verde, vive uma situação de insegurança alimentar aguda.

Envolver “muito mais” a Diáspora

Ângela Coutinho, conhecida historiadora e investigadora cabo-verdiana e porta voz do grupo, explicou ao A NAÇÃO online como surgiu a ideia de avançar com esta iniciativa solidária.

“Após o início da guerra na Ucrânia, e na sequência de artigos que surgiram na imprensa escrita nacional e dos debates na Assembleia Nacional, começou a gerar-se uma inquietação em relação à situação enfrentada pelos nossos conterrâneos no arquipélago, no tocante à segurança alimentar”, expressou.

Foi assim que aproveitando uma viagem de trabalho a Cabo Verde, em princípios de Junho, Ângela Coutinho fez alguns contactos com pessoas “amigas” na Praia e no Mindelo, mas e também com autoridades nacionais e internacionais, para ter uma “melhor percepção” do problema e pensar em acções de grupo, que pudessem ser desencadeadas, “envolvendo muito mais” a Diáspora.

Resposta preocupante da FAO

“Na sequência de uma resposta deveras preocupante por parte do escritório da FAO, foram rapidamente feitos outros contactos, e os elementos do Grupo começaram a reunir informalmente mas com regularidade, através das plataformas digitais, procurando discutir formas de reforçar e/ou complementar as acções já implementadas no terreno e as que entretanto, foram anunciadas pelo Governo”.

Foi então decidido que era necessário, primeiramente, auscultar as comunidades, para se conhecer a “real” situação vivida pelas famílias.

“Os membros do grupo em Cabo Verde foram também rapidamente recebidos por representantes de instituições a nível internacional, governamental, do poder local, de associações e de instituições religiosas, com os quais foram trocadas impressões e discutidas ideias”, esclarece.

Já os membros que residem na Diáspora, por sua vez, como esclarece, fizeram contactos para auscultar o acolhimento da ideia de uma intervenção “mais alargada e concertada” envolvendo toda a sociedade civil cabo-verdiana, a residente e não-residente, no país.

Foi então que decidiram avançar com o primeiro projecto, de carácter emergencial, de apoio alimentar directo a famílias mais vulneráveis, nos concelhos apontados pelas instituições como sendo os mais afectados pela insegurança alimentar aguda.

Também se decidiu que seriam apadrinhadas as famílias com membros portadores de deficiência e as de idosos isolados.

Em que consiste?

Conforme a nossa entrevistada, uma cesta básica mensal será entregue às famílias com portadores de deficiência ou de idosos isolados, nos concelhos mais atingidos pela insuficiência alimentar aguda.

Ou seja, Porto Novo, São Domingos, Ribeira Grande de Santiago, Santa Cruz, Praia e São Vicente. “Tentaremos, naturalmente, alargar a nossa acção, em função da adesão que esta iniciativa tiver”, afirma.

O conteúdo de cada cesta básica, diz, foi elaborado com base em dados fornecidos pela FAO, e nos pareceres de uma médica e de uma nutricionista, ambas cabo-verdianas.

“A nível operacional, iremos colaborar com as autoridades locais (câmara municipais), com as diversas ONGs e instituições religiosas que já actuam no terreno”.

Na prática, cada concelho terá um Grupo Local de voluntários que estará encarregue da aquisição e da entrega das cestas básicas às famílias.

Selecção de beneficiários

No que toca à seleção dos beneficiários, Ângela explica que estão a trabalhar com associações que têm uma ação voltada para esta camada. “Iremos seleccionar as famílias já identificadas, que têm menos recursos económicos, nos concelhos referidos”.

A campanha de angariação de padrinhos e madrinhas arrancou precisamente esta semana e já há muita gente engajada.

“Temos já uma parceria com a Federação das Organizações Cabo-verdianas em Portugal e também com rádios comunitárias nos Estados Unidos da América, que irão colaborar conosco. Em Cabo Verde, temos já diversas pessoas que manifestaram o seu interesse em apoiar e que estão a tornar-se padrinhos e madrinhas no âmbito deste projecto”, congratula-se.

Conforme explica, quanto aos fundos, foram adoptadas as regras de “transparência na gestão de fundos das organizações internacionais”.

A ideia, diz é apadrinhar “o número máximo de famílias que pudermos”, e estender esta ação emergencial a todas as ilhas e concelhos, assim que possível.

Isso, diz, vai “depender de todos e de cada um de nós que se quiser envolver”.

Apelo

“Pedimos aos nossos concidadãos, no país e na diáspora, que se tornem padrinhos ou madrinhas de uma destas famílias. Acreditamos que se estivermos juntos, cada um colaborando com o que pode, poderemos ajudar a preservar a dignidade humana dos nossos concidadãos, e sentir-nos-emos mais reforçados e confiantes, como Nação”.

Ângela Coutinho recorda que “há décadas que os cabo-verdianos não enfrentavam uma situação tão grave” pelo que é necessário “estender uma mão amiga” àqueles que estão “mais fragilizados” para enfrentar as dificuldades.

A mesma recorda que a solidariedade familiar, comunitária, entre as ilhas e entre a Diáspora e o arquipélago está “na base da nossa Cultura e das nossas estratégias de sobrevivência, ao longo de séculos”, apelando ao engajamento de todos.

O grupo assume-se como independente a nível partidário e engloba vários cidadãos de diferentes quadrantes da sociedade. Para mais informações os interessados em apadrinhar uma família podem contatar o grupo através do email gadsan2022@gmail.com .

Neste momento estão a pedir uma contribuição mínima equivalente a 1 000 escudos ou a 10 euros, 1 só vez, durante 3 meses, 6 meses ou 1 ano.

A conta bancária para o apadrinhamento é:

BCA – Banco Comercial do Atlântico

NIB: 000300008951751810176

IBAB: CV64000300008951751810176

SWIFT: BCATCVCV

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