A Juventude do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (JPAI), denunciou, esta quinta-feira, 25, que o Governo anunciou o despedimento de mais de 600 enfermeiros. Pede, por isso, explicações ao ministro da Saúde e ao primeiro-ministro.
Eder Brito, membro da Comissão Política Nacional da JPAI, falava em conferência de imprensa, a partir do Mindelo, criticando a decisão do executivo, não obstante uma “incansável entrega ao serviço da nação cabo-verdiana”, no combate à pandemia da covid-19.
“É de se estranhar que, apesar dessa incansável entrega, profissionalismo, dias de isolamento, com, às vezes, um enfermeiro por centro de isolamento profilático, com enfermeiros que, devido à sua intensa exposição profissional ao vírus, foram, pelo menos, três vezes, infectados com a covid-19 e, por vezes, com sintomas graves”, lembrou.
Pedido de esclarecimentos
Brito sublinhou que o momento é de “extrema dificuldade nacional” devido à inflação dos preços de produtos e serviços essenciais, pelo que pediu esclarecimentos ao ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, e ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva
Apelou, igualmente, que a medida seja repensada, para que não seja o governo a “instigar e promover a precariedade laboral e muito menos o desemprego jovem”.
“A presente medida demonstra uma tremenda falta de sensibilidade do Governo, principalmente do ministro da Saúde com a sua própria classe” considerou.
Prestação de serviço?
O mesmo questionou até que ponto a relação entre os enfermeiros e a tutela da saúde era “uma mera prestação de serviço”, sublinhando que a maioria tinha a obrigação de permanecer em um local de trabalho específico, horários de trabalho pré-definidos, e alguns, inclusive, tiveram férias, apesar de usarem a terminologia descanso.
Estes argumentos, terminou, estão expostos em uma carta aberta enviada ao Ministério da Saúde, pelos enfermeiros e enfermeiras, com reivindicações de salários em atraso, férias remuneradas, falta de descanso e folgas semanais, exaustão física e mental, sobrecarga de trabalho, serviços realizados sem pagamento.
Costa ainda da carta reivindicações sobre a falta de subsistência medicamentosa e de serviços médicos especializados, condições precárias de serviços, exposição a danos e agravos à saúde individual e novos concursos entre outros.