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Sociedade

Provedor de Justiça alerta que é “errado” desvalorizar manifestações

O Provedor de Justiça, José Carlos Delgado, alerta que é “errado” desvalorizar as manifestações públicas da sociedade civil. O mesmo defende que os motivos que levam as pessoas às ruas devem ser analisados e quem de direito deve encontrar as devidas soluções, porque, como diz, são reinvindicações legítimas.

Numa semana que está quase a chegar ao fim, e que vai ficar marcada por várias manifestações na Brava, São Nicolau e Praia, especialmente por questões de transportes e saúde, mas também de insegurança e desemprego, o Provedor de Justiça de Cabo Verde, José Carlos Delgado, reconhece ser legítimo estes movimentos de cidadania.

“Vejo isso, primeiro com naturalidade. Estando num país democrático, as pessoas têm o direito de sem manifestarem e expressar aquilo que eles consideram, que acham, que na sua perspectiva, que não está bem.Para mim são aspectos maturais de qualquer sociedade e significa um despertar da sociedade civil”, afirmou em entrevista ao A NAÇÃO online.

Na sua óptica, não se deve partidarizar ou politizar as manifestações, bem pelo contrário.

“É errado, do meu ponto de vista, em qualquer tipo de manifestação se dizer que é promovida pelo MpD ou PAICV. Acho que temos de ver as coisas numa perspectiva não de as pessoas fazerem manifestação porque você está contra o Governo tal, ou o ministro tal, mas sim, na minha perspectiva, devemos ver estas manifestações pela positiva”, explica.

Chamada de atenção

Nesse contexto, defende que as manifestações são uma “chamada de atenção” para aqueles que “têm a responsabilidade nessas matérias”, que estão a ser reivindicadas.

“Acho que, honestamente, deve-se analisar, estar atento, ouvir o que as pessoas têm a dizer sobre esses problemas e tirar as devidas ilações. Nenhuma manifestação deve se desvalorizada. Não é um bom caminho desvalorizar o que as pessoas reivindicam”, adverte.

Do seu ponto de vista a estratégia deve passar por se “serenar os ânimos e apresentar soluções”.

“Explicar às pessoas as razões, às vezes, porque determinadas situações acontecem”, afirma, defendendo que o diálogo, é a coisa “mais fundamental” que deve haver.

Questão dos transportes é transversal

Como reconhece e exemplifica por experiência própria, as pessoas sentem-se prejudicas, “num ou outro aspecto”, pelo que é “absolutamente legítimo” manifestarem-se.

“Por exemplo, no caso dos transportes em todas as visitas que eu fiz, não pude ir à Brava, precisamente, por causa do transporte. Estive no Fogo, Boa Vista, Maio e em todas essas ilhas a questão do transporte é uma questão premente e transversal. Em alguns casos as ligações aéreas, mas principalmente as ligações marítimas”, atesta.

Em todas as visitas que faz o Provedor de Justiça diz produzir um relatório pormenorizado que dirige às autoridades ou instituições competentes, em função dos problemas levantados.

Exemplo do Maio

“Por exemplo, no caso do Maio havia um drama, que é o das rabidantes que vivem do comércio de produtos frescos, que compram em Santiago para vender no Maio. Por exemplo, elas tiram ordem de embarque para enviar os produtos num dia e, depois, o barco não vai na terça, não vai na quarta, não vai na quinta e os produtos estragam-se….”. Por isso, reforça, são reinvindicações legitimas.

Neste caso chegou a ter um encontro com a companhia marítima, na altura, porque havia um problema de indemnizar as pessoas pelos produtos. “No final da semana passada recebi um email em como vão reunir com as pessoas do Maio para verem como resolvem essa questão”, elucida.

Caso de São Nicolau e Brava

O Provedor de Justiça admite que todos “sabemos que há problemas gravíssimos em termos de ligações marítimas de passageiros”.

“Houve dramas enormes, no caso de São Nicolau, de pessoas que vieram para ter encontros com as famílias e não puderam. Gente que passou, no Sal, quase uma semana, para poder ir a São Nicolau. E mesmo o caso da Brava. Mas isso vem acontecendo há já muito tempo”, lamenta.

Esse responsável lembra ainda que há pessoas que vêm de férias e mandam os “celebres bidões”, e conseguem regressar aos país de onde vieram, “sem levantarem” os bidões, onde colocam as prendas para as famílias. “E isso é uma grande frustração”.

José Carlos Delgado finaliza rematando que Cabo Verde vive um momento social “muito difícil” e que, como reitera, “o que importa é analisar o que as pessoas reivindicam” e buscar “soluções”.

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