Por: Filinto Elísio
Hoje, os enfrentamentos que “aguardem a vez”, pois há várias outras situações hediondas e uma delas é o racismo. Sim, racismo na triagem dos refugiados que, nhenhenhém da democracia à parte, detectado no acolhimento de refugiados, seres humanos, não apenas caucasianos, que tentam escapar à guerra na Ucrânia.
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Racismo forte e feio, quase nazi, na fronteira da Polónia (caso do posto fronteiriço de Medyka-Shehyni), estado membro da União Europeia, para com africanos e asiáticos, mesmo quando, para além do dever humanitário de acolhimento, estes sejam cidadãos europeus.
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As sanções não deveriam recair só para os invasores ou aqueles que recusam o posicionamento da NATO, mas também contra aqueles que partilham práticas de racismo e de xenofobia, nas barbas caras do aparato dito da democracia liberal.
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Isto de cortar SWIFT e o espaço aéreo, e de colocar pessoas a se manifestarem nas ruas em países democráticos, serviria que nem ginja para enervar e pôr em sentido os energúmenos da extrema direita. O que as vossas senhorias dizem bem a propósito disto?
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Impõe-se a condenação consequente da guerra em si e no seu todo, o repúdio da desumanidade que lhe vai inerente e a solidariedade aos povos russos e ucranianos. Sem ilusões de um lado, só existirem santos e, de outro lado, só morarem demónios, nem o maniqueísmo primário do império do bem e do império do mal. Esse parlapier comprido e raivoso dos senhores do mundo, alguns racistas disfarçados, não leva a outro lado senão à perda da liberdade e da dignidade ou, pior ainda, da vida.
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Não convém acreditar em milagres ou no canto das sereias, quando a única solução é a paz e a convivialidade, com os seus desdobramentos complexos e exigências de prudência, inteligência e boa-vontade. A paz e a segurança precisam ser negociadas, assim como o fim das discriminações criminosas precisa ser conquistado, com todas as razões e os direitos sobre a mesa.
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Ainda que para certas mentes seja tempo da Besta, ele é tempo do basta. Basta da guerra, da tirania, do racismo e da xenofobia.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 757, de 03 de Março de 2022