Marco Soares, capitão da selecção nacional de futebol de Cabo Verde explicou esta manhã, em conferência de imprensa, na Praia, que chegou a hora de deixar os Tubarões Azuis e de dar lugar aos mais novos. Um adeus, de 16 anos ao serviço das cores de Cabo Verde, que faz com sentimento de gratidão. A camisola número 6, disse, gostava de passar a Ryan, Stopira ou Vozinha.
O mesmo revelou ainda que a qualquer momento pode pôr um ponto final na sua carreira de futebolista para abraçar outros projectos e dar atenção também à família.
O mesmo admitiu ainda que, apesar de estar a deixar a selecção, sente que tinha “perfeitas condições” para ainda poder ser o número 6 do combinado, uma vez que se sente “muito bem fisicamente”.
“Foram momentos de muitas alegrias, mas de algumas tristezas e penso que era o momento certo. Considero que a selecção está no caminho certo e, neste momento, custa-me menos do que se calhar tivesse que fazer isso a dois, três anos, porque nesta altura sentia que não estávamos no nosso melhor momento”, argumentou.
CAN 2013 – ponto alto
Marco Soares lembrou do “início complicado” da selecção, em que participavam nas provas e não conseguiam apurar, tendo sublinhado que o apuramento para o Campeonato Africano das Nações (CAN) 2013 foi, sem dúvida, o ponto alto da selecção, e é um momento que irá guardar sempre na sua memória.
“E o último CAN que apuramos para mim teve um sentimento diferente porque já foi numa altura de muitas desconfianças em relação a mim por causa da idade, mas temos que parar de olhar para a idade porque idade não é competência e vemos vários exemplos, e as pessoas começam a olhar para idade e começam a desvalorizar as coisas. (…)”, enfatizou.
O mesmo recordou que nos últimos dez anos a selecção de futebol teve três presenças na fase final do CAN, num ‘play-off’ para o mundial, pelo que o futebolista acredita que este seja uma prova do que se tem feito a nível do futebol cabo-verdiano.
Entregar camisola número número 6
Marco Soares agradeceu à Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF), na pessoa do seu presidente, Mário Semedo, e disse que, caso tiver que passar a camisola 6, gostaria de a entregar ao Ryan, Stopira ou Vozinha, por serem pilares também da selecção, deixando esta escolha para eles.
Recordou ainda que ingressou na selecção cabo-verdiana aos 20 anos, uma altura em que foi convocado duas vezes para a selecção de Portugal sub 20, e tinha acabado de ser transferido para a Primeira Liga. Mas optou por escolher Cabo Verde.
“Optei porque, apesar de nascer em Portugal, a minha cultura desde criança, dentro da casa, foi cultura cabo-verdiana, crioulo em casa, funaná, cachupa, então sempre me senti cabo-verdiano e até os 16 anos em Portugal eu sempre contei como um cidadão estrangeiro porque eu não podia ter nacionalidade portuguesa na altura.
Por isso, salientou, quando foi convidado a fazer parte da selecção o “amor falou mais alto”, e pensou que fazia uma carreira “muito mais sustentada” na selecção de Cabo Verde.
Aos 38 anos, Marco Soares é um dos jogadores com mais internacionalizações e o fiel capitão dos Tubarões Azuis, com uma carreira sólida que passou por países como Portugal, Roménia, Chipre e Angola, entre outros.
C/Inforpress