O Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA) considera “crime público”, o comportamento do artista Fil G, na sequência da polémica sobre o vídeo publicado por este artista, radicado nos Estados Unidos, que apresenta uma menina de 17 anos como “noiva”. O pai também é contra e está disposto, ao que tudo indica, a tomar medidas.
Junto com o pai que é também contra este relacionamento o ICCA garante que vai tomar medidas cabíveis para que situações do tipo “crime” não se tornem uma “normalidade” em Cabo Verde.
Em entrevista à Televisão de Cabo Verde (TCV) a presidente do ICCA, Maria Livramento Silva avançou que o ICCA repudia a atitude do artista, tendo em conta que a menina é ainda uma adolescente, menor de idade conforme a lei cabo-verdiana.
“ICCA repudia a atitude deste senhor. É uma adolescente que completou 17 anos em março deste ano, mas é uma menor. A maior de idade atinge-se em Cabo Verde com o completar de 18 anos. Trata-se portanto de um crime semipúblico em que os familiares e a própria adolescente que poderá apresentar uma queixa”, reagiu Maria Livramento Silva.
Medidas
Segundo a mesma, o ICCA ao tomar o conhecimento do vídeo, entrou em contacto com a Polícia Judiciária (PJ) que “informou-nos que já tinha conhecimento e que já estava a investigar o caso para saber o que realmente se passou e tomar as medidas necessárias”.
No entanto, considerando se tratar de um crime e defendendo que “casos desse género podem se tornar uma normalidade em Cabo Verde”, Maria Livramento Silva garante que o ICCA, em contacto com o pai da adolescente em causa, vai fazer com que medidas cabíveis sejam tomadas.
Pai contra
“As informações que nós tivemos do pai, é que ele é contra este relacionamento. Ele não nos informou que a menina estava com a mãe. Só disse que, no momento, ele estava sozinho em casa. Por isso é que nós o orientamos no sentido de apresentar uma queixa, tratando-se de um crime simi-público”, avançou.
A mesma reafirmou que vão lutar contra este tipo de situação.
“Este senhor desrespeitou as leis cabo-verdianas, desrespeitou as mulheres, as crianças e os adolescentes, porque casos deste género não podem ser tornados público e não podem acontecer em Cabo Verde”, lamentou.
Antes desta reação do ICCA, o Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade do Género (ICIEG) repudiou também o comportamento do artista Fil G, condenando a “exposição” da imagem da menor de idade, “com manifestações públicas de carácter sexual”.
Polémica
Recorde-se que nos últimos dias, Fil G, que vive nos Estado Unidos da América, tem feito várias publicações nas redes sociais mostrando a suposta companheira, uma rapariga de 17 anos, que supostamente “arranjou” nas suas férias, na ilha do Fogo.
Em um dos vídeos, o artista aparece alimentando a jovem num dos restaurantes da cidade da Praia, onde estão hospedados, e afirmando que ele é quem manda.
Detido “por amor”
O facto gerou muita polémica e inclusive, Fil G chegou a ser detido pela Polícia Judiciária, na tarde desta sexta-feira,27, para a averiguação de um suposto crime de abuso sexual de menor e exibicionismo, conforme o jornal online Santiago Magazine.
Horas depois da detenção na cidade da Praia, foi dispensado tendo, inclusive, publicado um vídeo no Facebook a dizer que foi “detido por amor”.
Retirado do cartaz do festival
Independentemente de tudo, as consequências dos seus actos já começaram a chegar, uma vez que o seu nome foi retirado do cartaz do Festival “31 de Maio” em Ribeira da Barca, Santa Catarina.
Em uma nota de imprensa, a Câmara Municipal de Santa Catarina, responsável pelo evento, justificou a retirada do Fil G do cartaz, com “recentes notícias que o envolvem em atos de abuso e exploração sexual de uma menor”.
No mesmo documento reiterou que “a Câmara Municipal de Santa Catarina insurge-se, firmemente, contra a normalização de relações entre adultos e menores e rejeita qualquer atitude de branqueamento de tais práticas”.