A inauguração da unidade dessalinizadora de água, esta sexta-feira,27, no Norte da Boa Vista, ficou marcada por uma manifestação de habitantes de João Galego que tentaram impedir o percurso da comitiva de Ulisses Correia e Silva, que seguia rumo à Figueira Funda para presidir o acto.
Na tentativa de interceptar o percurso ao final da estrada principal, na Rua Direita, mais precisamente nos “safaris”, os manifestantes enfileiraram “bóias” e baldes de água, onde proferiram algumas palavras de protesto, interrogando entre outras questões, sobre o projecto e a disponibilização da rede de água em todas as casas.
Os manifestantes questionaram o chefe de Governo sobre o projecto, alegando haver somente 40 casas com ligação da rede de água domiciliária.
Efetivação do projecto
Segundo Steven Santos, um dos protestadores que se dirigiu ao primeiro-ministro, justificou que não está em causa o projecto, mas, sim, como se efectivou o processo.
Este alegou que foi apresentado somente um croqui do mesmo em vésperas das eleições, tendo sido dado a conhecer e visto pela população pela primeira vez somente hoje.
Este residente afirmou ainda que “nunca se colocou uma placa da obra” pelo que desconhece a data do início e previsão de seu término, reiterando “o processo lento e falta de informações” ao longo deste período.
“Hoje se faz esta inauguração com 40 casas ligadas a rede de água”, afirmou, questionando porque é que não se aguardou pela ligação de água a todas as casas para se efetuar a inauguração.
Escassez de água na ilha
Santos salientou também que há dois furos, e devido à escassez de chuvas na ilha, levantou a questão sobre a sustentabilidade no abastecimento de água.
“Há mar por perto, a menos de dois quilómetros da zona Norte. Porque é que não se fez a ligação e dessalinização da água do mar para o abastecimento de água”, questionou o manifestante para quem “há que se auscultar e ter respeito para com a população”.
“Objectivo não era estragar o momento…”
Pelo seu turno, a moradora Isaurinda Mendes, afirmou que o objectivo da manifestação não era estragar o momento da inauguração da unidade dessalinizadora, um investimento de 60 mil contos, no âmbito do Projecto de Mobilização de Água Dessalinizada para os povoados da zona Norte da ilha da Boa Vista.
Conforme explicou, a população pretendia fazer com que Ulisses Correia e Silva parasse em João Galego para averiguar que o trabalho não está pronto, sendo que as ruas estão ainda cheias de valas, pedras, e que ruas de outras residências precisavam de intervenções.
“É um processo longo que ainda não está no fim. O que mais almejamos nesta comunidade é ter água nas torneiras. Passamos por penúrias todo este tempo. Queríamos que a inauguração fosse feita de uma outra forma, com todos reunidos, pela alegria e satisfação de toda a comunidade. Não tivemos nenhum prazer em realizar a manifestação, mas foi necessário”, lamentou.
Assim como Steeven Santos, Isaurinda Mendes exige que, para próxima, se oiça e se trabalhe junto com a população, para que se faça algo que traga alegria e orgulho.
C/Inforpress