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África

Por: Filinto Elisio

Acordo, relativamente cedo, pois à primeira luz, que o relógio confirma ser 05h40. Hoje é o Dia da África. Nkosi sikelel’ i Afrika. 05h40 – hora de Lisboa e vejo para a faiança vítrea e rósea que tem incrustado o mapa do nosso continente!

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Comemorar África, homenageando-a, e refletir África, debatendo-a. Apre(e)ndamo-la, com pertença e responsabilidade absolutas; aprendamo-la com as nossas próprias cabeças…todos os dias. Tempo de, exaltando os progressos, olharmos com realismo para os desafios que impendem sobre ela.

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O Dia da África, efeméride que assinala a (25 de Maio) data da criação da Organização da Unidade Africana (hoje União Africana), em 1963, convida à exaltação da diversidade cultural, como no-la vaticinava Ali Mazrui; à esperança redentora de Kwame Anthony Appiah; à exegese da África Insubmissa, sugerida por Achille Mbembe; e à análise comparatista para a transformação, suscitada por Carlos Lopes – jamais deixando de olhar para a conjuntura e da (re)ordem mundial.

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Sejamos soberanos e livres nas nossas vontades e percursos históricos, recusando o servilismo político e a alienação cultural de certas elites (e seus compromissos imperiais, como desafiou Homi Bhabha). Reencontrando o genoma e a memória da Humanidade, a necessária crítica antropológica, aquela revelada por Cheikh Anta Diop, porquanto aberta ao Mundo e à ação harmonizadora e humanizadora do futuro.

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Em Cabo Verde, temos de despir toda a veste pesada e de exorcizar toda a peçonha do “ato civilizatório”, secularmente imposto, e entrar na dinâmica do Futuro da África, fazendo desse gesto (e dessa gesta) não só uma das nossas âncoras de desenvolvimento, mas a nossa possibilidade de melhor contribuir para o estado geral do Direito Democrático e dos Direitos Humanos, quesitos em que temos progredido. Além do mais, precisamos tornar a cooperação mais eficaz, eficiente e reforçada com os países africanos, desde logo os PALOP e a CEDEAO.

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Aqui e agora, em termos práticos. De práxis, como nossa obrigação cívica indeclinável. Importa uma aprendizagem mais revolucionária, crítica e estratégica na implementação da nossa Agenda 2063 (com a União Africana), em alinhamento à também nossa Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (com a ONU). Aprendamos, apren(e)damos (sempre, em Bold Action, com Amílcar Cabral), pensando com as nossas próprias cabeças. Unique (pivotal) moment for Nkosi sikelel’ i Afrika. Let us learn, We, the People of Africa.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 769, de 26 de Maio de 2022

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