A propósito do Dia de África, o embaixador de Cabo Verde no Brasil, José Pedro D´Oliveira – “Djopan” – defendeu que “a humanidade só poderá sonhar com a felicidade a partir do dia em que houver alimentação condigna, para todos”. Como disse, não é à toa que o slogan da comemoração deste ano é “Sustentabilidade alimentar e nutricional”.
Em entrevista ao site Brasília In Foco, José Pedro D´Oliveira esclareceu que, ao contrário de um “conceito redutor” do continente, existente, inclusive, no Brasil, a África goza de “uma enorme diversidade de civilizações”.
“Imagina como fica quase impossível, para qualquer africano, classificar a Celebração do Dia de África, lá no continente. A União Africana que congrega os 54 países detém a celebração política a nível continental, mas as festas de cada povo ou cultura não cabem numa classificação tão linear como se pensa deste lado do Atlântico”, explicou.
Falta aproximação real na relação África/Brasil
Questionado, também, sobre como vê a actual relação entre África e Brasil, o diplomata revelou ver “uma relação irrelevante, tendo em consideração as potencialidades histórico-culturais, assim como os grandes recursos naturais de ambos lados”.
É preciso, segundo disse, deixar para trás a África “lendária e mitológica, para o Brasil e brasileiros”, e dar lugar à África “concreta, aquela que existe hoje e não aquela de há quatro séculos”.
Reforço das relações comerciais
Por exemplo, indicou, as relações comerciais Sul/Sul, de que tanto se tem falado nas últimas décadas, aguardam por decisões políticas mais ousadas e mais viradas para um futuro de desenvolvimento, sem intermediários de outros continentes.
“O Brasil atingiu um nível de desenvolvimento industrial, sobretudo no Agronegócio, que pode ser muito útil aos países africanos e estes, por sua vez, têm muitos recursos ainda não explorados que podem interessar ao Brasil para deixar de ser dependente de regiões situadas no outro lado do mundo”, exemplificou.
Um outro exemplo de cooperação, apontou, pode estar ligado à problemática dos fertilizantes, “que poderiam ser conseguidos na costa ocidental da África, em negociações bilaterais do Brasil”.
Cooperação exemplar com Cabo Verde
Apesar de maiores ligações históricas, e de pertencermos à mesma Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o embaixador considerou que Cabo Verde não é excepção a essa leitura distanciada que se tem do continente.
Entretanto, sublinhou que existe uma cooperação exemplar entre os dois países, desde a independência, em vários domínios e que será reforçada com a retoma da “normalidade”, nomeadamente a nível de trocas comerciais.
C/ Brasília In Foco