Faleceu em Lisboa, Portugal, na manhã de hoje, vítima de doença prolongada, a cantora Titina Rodrigues. Para história e eternidade, fica mais uma das grandes vozes da música de Cabo Verde, da Morna e da Coladeira.
A notícia foi confirmada à distância pela amiga Ana Firmino aos microfones da RCV. Titina foi vítima de doença prolongada, partindo assim para o panteão das estrelas mais brilhantes da música de Cabo Verde, aos 85 anos. Ao que tudo indica, Titina encontrava-se em coma.
“Estava muito doente havia algum tempo. É uma grande perda para Cabo Verde”, disse Ana Firmino já ouvida pelo Mindelinsite.
“Titina era dona de uma voz poderosa, ímpar. Era uma artista sem comparação. Em nome da nossa cultura, do nosso povo, deixo um beijo muito grande. Titina desapareceu fisicamente, mas vai estar sempre presente”, enalteceu citada pela mesma fonte.
Nas redes sociais já se fazem sentir algumas homenagens de amigos e admiradores que postam fotos suas, com eterna saudade. João Da Silva Martins é um deles.
“Depois do irmão, agora foi a Titina. Antes foram B.Leza, Manuel de Novas, Dona Tututa, valores, para não falar de Eugênio Tavares e tantos outros nomes ligados a Morna e Coladera. Se não houver uma terceira guerra mundial, ainda haverá, nos salões de festa, uma Nancy Vieira para nos trazer a Morna na sua linda e melodiosa voz”, escreveu.
João Da Silva Martins serviu-se ainda de uma dedicatória de José Lopes, para Eugénio Tavares: “Enquanto existir Cabo Verde e se cantar a Morna o teu nome será sempre lembrado” para homenagear também Titina.
Perfil
Albertina Alice dos Santos Rodrigues Oliveira de Almeida, mais conhecida por Titina no meio artístico era natural de São Vicente, vivendo há várias décadas em Lisboa.
Foi com B.Leza que a própria disse, há muitos anos ter começado, o seu caminho na música com quem aprendeu “muito”. Momentos marcantes da sua carreira, como chegou a confessar em entrevista, uma vez, à RCV, foi a passagem pelo teatro Castilho.
“Conheci de perto a música brasileira, visto que meu pai admirava e gostava de interpretar Angela Maria. Um dia, um vizinho, que era dirigente do Castilho, ouviu-me ao passar em frente à casa da família a cantarolar e convidou-me para cantar num espetáculo no clube. Tinha 12 anos”, recordou, na altura, agora citada pelo Mindelinsite.
Já dois anos depois, fez a sua primeira gravação em disco,a coladeira “Estanhadinha” de Franck Cavaquinho, que constava de EP com outras três músicas, na voz de Djosinha. O disco chama-se “Mornas de Cabo Verde”, mas na verdade só tinha coladeiras.
“É um disco de 45 rotações da série editada pela Casa do Leão nos finais da década de 1950 e inícios dos anos 1960”, lê-se no site “caboverdeamusica”, um projecto de Gláucia Nogueira.
Nessa altura atuava também na rádio. “O programa era feito com Evandro Matos, director do Rádio Clube do Mindelo. Frank Cavaquinho estava sempre a compor, praticamente todas as semanas tínhamos músicas novas. Ele ia à minha casa, ensaiava-mos e à quinta-feira íamos para a rádio. Não era gravado, começava-mos a cantar, e era em directo”, lembrou Titina citada pela mesma fonte, tendo passado também pela Rádio Barlavento.
Depois, nunca mais parou. Cruzou vários palcos, dentro e fora do arquipélago, levando a Morna e a Coladeira bem longe, cantando sempre com “simplicidade” como a mesma dizia, pois, cantar para ela era algo tão natural como “crescer”, sendo sempre aplaudida pela forma como interpretava, sendo sempre ela mesma.
Para a história fica uma discografia imensa, sempre elevando a música tradicional de Cabo Verde com mestria e sentimento.
(Actualizada)