O Hospital Universitário Agostinho Neto anunciou, esta terça-feira, a realização, com sucesso, dos primeiros ensaios em imuno-histoquímica em Cabo Verde, após a instalação de um laboratório de biologia molecular, com vista à melhoria do diagnóstico do cancro.
Em conferência de imprensa, a coordenadora do programa nacional de luta contra o cancro, Carla Barbosa, afirmou que a melhoria do diagnóstico e tratamento do cancro tem sido um dos pilares essenciais para a abordagem do doente oncológico no país.
“Este estudo tem sido feito com recurso a países estrangeiros, nomeadamente Portugal. Os doentes, até então, tinham custeado e feito os exames fora, mas, a partir de agora, nós estamos a trabalhar para validar este estudo no hospital, para que os nossos doentes, com diagnóstico de cancro de mama, tenham um tratamento adequado”, esclarece.
A investigadora principal do projecto de implementação do laboratório de biologia molecular no HUAN, Pâmela Borges, avançou que este projecto, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, visa dar suporte e promover, não só o diagnóstico do cancro da mama aqui em Cabo Verde, mas, também, fomentar a investigação básica, com possibilidade de a estender para mais tipos de cancro.
“O principal objectivo é diminuir o tempo de resposta. Actualmente as amostras são enviadas para fora para análise e o objectivo é, integrando o projecto, juntando com unidades que já funcionam aqui, trabalhar conjuntamente no sentido de implementar esta técnica, e técnicas alternativas, para permitir o diagnóstico atempado em Cabo Verde”, reforçou.
Melhorar qualidade de vida
O projecto vai ainda, conforme esta responsável, contribuir positivamente para a melhoria da qualidade de vida, diminuindo o tempo de espera desses pacientes e contribuir, de certa forma, para o aumento da taxa de sobrevivência dos pacientes.
Por sua vez, o presidente do Conselho de Administração (PCA) do Hospital Universitário Agostinho Neto, Emadoeno Cabral, destacou este “grande marco”, que é a concretização do primeiro ensaio na área de imuno-histoquímica neste hospital, com mais de 30 anos de existência.
Para Emadoeno Cabral é um “grande orgulho” o HUAN poder resolver aqui no país os problemas de saúde, sobretudo nesta área em que, em cada quatro doentes diagnosticados com cancro da mama, mais de 50 por cento (%) são diagnosticados na fase 3 e 4.
“Nós queremos, com este ensaio, ganhar em termos de tempo e acreditamos que esta é uma nova etapa em que teremos menos custos com envio de amostras para Portugal, teremos condições de realizar os nossos ensaios aqui no país e, seguramente, vamos ganhar também em termos de custos intangíveis que é o sofrimento e a dor para as famílias”, concluiu.
O Hospital Universitário Agostinho Neto (HUAN) assinou, em Fevereiro deste ano, o protocolo com a Fundação Calouste Gulbenkian para financiamento de 150 mil euros para a implementação de um Laboratório de Biologia Molecular e para apoiar o diagnóstico do cancro, mais precisamente, o da mama.
C/ Inforpress