Elzo Rodrigues, 30 anos, natural de Santo Antão, é licenciado em gestão empresarial. Além do trabalho no sector do agenciamento marítimo, tem em curso o projecto “Dam Mon”. Isto é, de mãos dadas pretende levar os cabo-verdianos a descobrirem os encantos da vida ao ar livre, sem estafas.
Elzo Rodrigues é um amante da natureza, caminhadas e fotografia. Residente em São Vicente, decidiu unir o útil ao agradável e aproveitar os finais de semana, lançando-se à descoberta e exploração dos cantos e encantos dessa ilha, bem como da vizinha Santo Antão. E foi assim que concebeu e deu corpo ao projecto “Dam Mon” (dá-me a mão).
Um projecto que, de acordo com o entrevistado do A NAÇÃO, é muito mais do que “fazer caminhadas” por aquelas duas ilhas de Barlavento.
Normalmente, a experiência abarca, entre outras, a partilha e a troca de experiências entre os participantes, no sentido também de levá-los a adotarem um estilo de vida mais saudável, a conviverem mais uns com os outros, enfim, a explorarem e a conhecerem mais as nossas ilhas, através de “experiências inesquecíveis”.
“Esta sempre foi a minha paixão”, diz Elzo Rodrigues, quando questionado da razão. “Adolescente, eu tinha um grupo que fazíamos excursões; e, uma vez que tenho uma paixão pela fotografia, comecei a partilhar fotos dos sítios aonde íamos e as pessoas começaram a gostar; nisso, comecei a receber solicitações de gente que queria realizar excursões comigo, mas eu não queria apenas ser um guia, levá-las a caminhar e trazê-las de volta, queria proporcionar-lhes algo diferente, algo que ficasse marcado na memória delas”.
E foi assim, acrescenta o nosso entrevistado, que acabou por surgir o “Dam Mon”, procurando fugir do lugar comum. “Uma vez que o meu foco é o turismo interno, procurei algo que motivasse as pessoas a saírem das suas casas, das suas zonas de conforto, para explorarem as suas ilhas, conhecerem pessoas novas, e no passado dia 2 de Abril fez um ano que consegui pôr este projecto de pé”.
Mas a ambição é maior. Elzo Rodrigues pretende quebrar a ideia de que para se ser turista cabo-verdiano é preciso sair de Cabo Verde, quando raros são os nossos compatriotas que sequer conhecem além da própria ilha. A dispersão geográfica das ilhas e os custos dos transportes, a par de uma educação virada para as maravilhas da nossa terra, estão entre as razões desse grande desconhecimento.
Assim, além de Santo Antão e São Vicente, Elzo Rodrigues diz esperar poder, um dia, alargar o conceito de “Dam Mon” a outros pontos do arquipélago, para que todos os eventuais interessados “possam ter a oportunidade de conhecerem o nosso país, de criarem paixão e conexão com as nossas ilhas”.
Itinerários e frequências
Normalmente, diz o promotor do “Dam Mon”, as excursões são realizadas aos sábados e domingos, em São Vicente e Santo Antão, com grupos de 12 pessoas no máximo. A ideia de grupos restritos, como refere o nosso entrevistado, é para garantir a interacção e o convívio entre os participantes de cada excursão.
As excursões a Santo Antão, por exigirem uma logística mais complexa, só acontecem uma vez por mês, sendo este um pacote de final de semana completo. Os itinerários mais frequentes são: Cova, Paul, Ribera da Torre e Pico da Cruz. O pacote incluí alojamento, alimentação, transfer e bilhetes de barco. Ou seja, os participantes terão apenas de viver e aproveitar a experiência de um fim de semana diferente na Ilha das Montanhas.
Em São Vicente o programa é mais curto e por isso mais económico. Também acontece aos sábados e aos domingos, sendo o percurso mais frequente o farol de São Pedro, Palha Carga e Fateja.
“A ideia não é estafar as pessoas, é fazer com que tenham um fim de semana divertido e relaxante”, diz Elzo.
Afora isso, a programação está sujeita ao estado do tempo. Isto é, em dias de mais calor opta-se por sítios à beira mar e a divulgação é realizada com antecedência no grupo da sua rede social. E, pensando na segurança dos excursionistas, é feito um seguro contra acidentes.
Parcerias
Para a realização das excursões, o “Dam Mon” conta com vários parceiros locais. Em Santo Antão, por exemplo, o nome mais saliente é do “Sabor das Montanhas”, um espaço onde os participantes, além de repouso, têm ao dispor a gastronomia da ilha.
Neste momento, Elzo Rodrigues está em vias de fechar uma parceria com uma nutricionista, dentro da mesma preocupação de proporcionar uma “saúde em dia”, em vários sentidos, aos participantes das excursões do “Dam Mon”.
Por: Louisene Lima
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 763, de 14 de Abril de 2022