A construção do novo campo de ténis da Praia continua a dar que falar. A nova infraestrutura, esclareceu hoje o autarca Francisco Carvalho, vai custar aos munícipes cerca de 200 mil contos, sendo que, como argumenta, a anterior equipa camarária assinou com o Clube de Golfe e Ténis da Praia “um contrato prejudicial ao interesse da Praia”.
Francisco Carvalho fez estas declarações à imprensa, no âmbito da polémica do Clube de Golfe e Ténis da Praia (CGTP) demolido no passado dia 5 de abril.
“A anterior equipa camarária assinou com o Clube de Golfe e Ténis da Praia um contrato prejudicial ao interesse da Praia, obrigando os munícipes a pagar, com os seus impostos, cerca de 200 mil contos para a construção de uma infraestrutura privada”, denunciou Francisco Carvalho, citado pela Inforpress.
O autarca garantiu que “ esta câmara não vai acrescentar mais 200 mil contos do erário público para financiar um projecto privado” acrescentando que “é neste ponto que incide o nosso posicionamento, por ser tratar de um procedimento legítimo e facilmente compreensível”, esclareceu considerando que o contrato assinado necessita de uma revisão, “para o bem do interesse municipal”.
“Vendeu uma propriedade que não lhe pertencia”
No entanto, Francisco Carvalho lembrou que a autarquia, então liderada por Óscar Santos, vendeu uma propriedade que não lhe pertencia, mediante um acordo assinado com Clube de Golfe e Ténis da Praia, em que passaria a exercer as funções de uma espécie de promotor imobiliário, “com poderes de representação junto do comprador”.
“Com esse novo Estatuto, a câmara assina um contrato, onde representa o CGTP e recebe o valor acordado com o comprador, a Embaixada dos Estados Unidos da América, e como contrapartida obriga-se a construir um novo campo de ténis e golfe”, explicou.
Assim, Carvalho garante que agiu de “boa-fé”, quando assinou, em 2021, o contrato compra e venda com a Embaixada dos EUA e acrescenta que para materialização deste projecto, a câmara da Praia decidiu atribuir ao CGTP uma parcela de terreno, situada na entrada de cidade, no bairro de Palmarejo, avaliada em 33 mil contos.
Paradeiro dos 114 mil contos
“A construção do novo campo de ténis e golfe está avaliada em mais de 288 mil contos, sem o Imposto de Valor Acrescentado (IVA) e sem equipamentos, significa que incluindo o IVA e ainda sem equipamento custará mais 332 mil contos”, justificou o autarca precisando que contas feitas a nova infraestrutura vai custar “acima de 365 mil contos” ao erário municipal.
Questionado pelos jornalistas sobre o paradeiro dos 114 mil contos recebidos pela câmara aquando da assinatura do contrato de compra e venda, com a Embaixada dos Estado Unidos da América, Francisco Carvalho disse que estão “no lugar devido e sob a responsabilidade total da câmara da Praia”.
Quanto à solução para resolver esse assunto, indicou que é continuar o diálogo com o CGTP, garantindo que a edilidade está à procura de alternativas para a prática de ténis no município.
“Já manifestamos a nossa preocupação em arranjar uma alternativa, mas face à intransigência do Clube na revisão do contrato nós não podemos fazer mais nada senão arranjar uma alternativa”, sublinhou Francisco Carvalho, declarando-se “totalmente aberto ao diálogo” e disponibilidade para prosseguir as negociações para a revisão do contrato.
Histórico
Recorde-se que em Julho de 2019, a Câmara Municipal da Praia, liderada na altura por Óscar Santos, decidiu vender à Embaixada dos EUA o Campo de Golfe e Ténis da Praia, situado ao lado do Palácio do Governo, no montante de “mais de 230 mil contos” a serem pagos em duas prestações.
Com a cedência dos terrenos do Clube de Golfe e Ténis para a construção da Embaixada dos EUA, existe um contrato para a construção de novas instalações do clube na zona do Palmarejo, assinado pelo executivo camarário anterior liderado por Óscar Santos.
Em 2019, a câmara da Praia tinha prometido dotar a cidade de uma nova instalação de Clube de Ténis, com quatro campos para a prática da modalidade e instalação de apoios, para que a capital pudesse dar um “salto enorme” na modalidade.
C/Inforpress
