O líder da bancada do Movimento para Democracia (MpD), na Assembleia Municipal da Praia, João Cabral, classificou hoje como “legítima” a decisão da Embaixada dos Estados Unidos da América (EUA) em demolir o campo de ténis da Várzea. O problema, segundo apontou, está do lado da CMP.
A observação foi feita em conferência de imprensa, na Cidade da Praia, na sequência da demolição do campo de ténis na Várzea pela Embaixada dos Estados Unidos, no passado dia 05 de Abril.
“A decisão da demolição é legítima porque o problema está no incumprimento do contrato entre a câmara da Praia e o Clube de Ténis”, apontou João Cabral, precisando que, no contrato, a edilidade praiense tinha que entregar, em Abril de 2021, à Embaixada dos EUA, o terreno livre de qualquer infra-estrutura para que pudesse iniciar os trabalhos.
O eleito municipal do MpD lembrou que no contrato assinado com a anterior câmara, o valor do terreno era de 225 mil contos, sendo que a actual câmara já recebeu 100 mil contos para a construção do campo de ténis na Cidadela, “cuja as obras teriam que iniciar em finais de Janeiro e início de Fevereiro”.
“Estamos em condições de avançar que o actual presidente da câmara tinha todas as informações disponíveis para dar início às obras de construção de quatro campo de ténis”, frisou João Cabral, questionando sobre o “paradeiro” dos 100 mil contos disponibilizados pela Embaixada dos EUA, por não estarem incluídos no orçamento deste de ano.
Processar?
“Na situação em que as coisas estão não restará outra alternativa ao Clube de Ténis da Praia senão processar a câmara, liderada por Francisco Carvalho, pelo incumprimento do contrato”, indicou a mesma fonte, avançando que, devido a esse facto, a edilidade terá que pagar ao Clube de Ténis o montante de 350 mil contos.
João Cabral defendeu que a “imprudência” de Francisco Carvalho está a provocar danos ao maior município do país, advertindo que caso as autoridades judiciais não intervenham podem ser “irreparáveis e com consequências muito graves”.
Recorde-se que na quinta-feira, em conferência de imprensa, o embaixador dos Estados Unidos, Jeff Daigle, garantiu que a negociação para a compra/venda de terreno para edificação da nova embaixada, apesar de ter sido “complexa”, foi feita “com transparência”.
“Nós não temos conhecimento de qualquer acordo entre a Câmara Municipal da Praia e o Clube de Ténis. Quando compramos o terreno não estávamos cientes de qualquer acordo entre as duas partes”, esclareceu o diplomata na ocasião.
Já o presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho, questionado pelos jornalistas sobre esta polémica, disse que na governação da coisa pública “conflito e consenso andam lado a lado”.
O autarca da Praia afirmou ainda que a câmara vai emitir um comunicado com toda a serenidade, para fazer cobro ao sentido de estado que a situação exige.
Contrato
Com a cedência dos terrenos do Clube de Ténis para a construção da Embaixada dos EUA, existe um contrato para a construção de novas instalações do clube na zona do Palmarejo, assinado pelo executivo anterior liderado por Óscar Santos.
O mesmo documento, segundo o presidente da direcção do clube, António Pedro Borges, “estabelecia que nenhuma acção seria empreendida nas suas instalações antes da construção e entrega ao clube de novos courts completamente equipados”.
Em 2019, a câmara da Praia tinha prometido dotar a cidade de uma nova instalação de Clube de Ténis, com quatro campos para a prática da modalidade e instalação de apoios, para que a capital pudesse dar um “salto enorme” na modalidade.
O projecto, segundo o então autarca, Óscar Santos, estava “praticamente concluído”, faltando apenas o lançamento do concurso público para que os campos pudessem iniciar em finais de Janeiro e início de Fevereiro entre os bairros de Cidadela e Palmarejo.