Depois de 27 anos da sua criação, o maior desafio da Verdefam continua a ser, por um lado, garantir a sua sustentabilidade, mas por outro, conseguir levar mais homens a usufruírem dos serviços que oferece, conforme disse, esta sexta-feira, o presidente do conselho directivo, Francisco Tavares.
Francisco Tavares, que falava à imprensa à margem da apresentação do projecto “Educação e Saúde Inclusiva”, seguindo-se a uma conversa aberta centrada nos “desafios e posicionamento da VerdeFam no contexto socioeconómico actual”, afirmou ainda que o desafio vai também no sentido de trabalhar em rede com as ONG nacionais e internacionais no domínio da saúde sexual e reprodutiva.
“Essa conversa aberta visa repor o diálogo para a reposição da Verdefam, isso tendo em conta as mudanças do contexto que têm a ver com a evolução da sociedade cabo-verdiana, pois, há novos desafios, como é o caso da saúde sexual e reprodutiva das pessoas com deficiência e a população LGBTI”, disse.
Para além destes desafios, referiu-se ainda sobre ao impacto da covid-19 na saúde sexual e reprodutiva, apesar de admitir ainda não ter acesso a estudos que lhe permitam aferir sobre tal.
Novo plano estratégico
De acordo com o presidente do conselho directivo da Verdefam, até ao mês de Junho, a organização vai ter o seu novo plano estratégico onde reflectirá o reposicionamento da Verdefam, para os próximos três a quatro anos, e alinhado com os desafios e as prioridades dos cabo-verdianos em matéria da saúde sexual e reprodutiva.
Quanto à crise pandémica, afirmou que esta afectou todas as actividades, mas que no caso de VerdeFam foi criado, bem cedo, um plano de contingência que os ajudou a continuar o trabalho de forma online e no atendimento pessoal das pessoas.
“Neste ano em algumas áreas prestamos muito mais cuidados do que em outras, isso porque existe uma grande confiança na Verdefam. A Verdefam adapta-se em qualquer circunstância para continuar a cumprir a sua missão ao serviço do povo cabo-verdiano”, acrescentou.
Saúde sexual e reprodutiva de pessoas com deficiência
Referindo-se à saúde sexual e reprodutiva, a bandeira do serviço da Verdefam, aquele responsável adiantou que o encontro visou dar corpo a um projecto que coloque em vantagem as pessoas com deficiência nesta matéria.
“É um projecto piloto para um período de um ano, onde se irá realizar uma campanha de informação mais adequada à população com deficiência, com a introdução de documentos em suporte adequado a cada deficiência, capacitação do pessoal da saúde para melhorar o atendimento e, sobretudo, promover o acesso aos cuidados de saúde sexual e reprodutiva”, assegurou.
O projecto, segundo Francisco Tavares, vai desenrolar-se nas clínicas da Verdefam, sendo que no primeiro ano serão beneficiados o concelho da Praia e São Vicente. Promete, no entanto, a continuação do projecto a outras ilhas do País, após conseguir parcerias para tal.
Neste âmbito, afirmou que a Verdefam quer trabalhar para manter a linha de oferta que tem disponibilizado nos vinte e sete anos da sua existência, sendo que desta feita respondendo ao apelo das Nações Unidas para que “ninguém fique para trás” no exercício do seu direito que é essencial o direito à saúde sexual e reprodutiva.
Em Cabo Verde, conforme o Censo do Instituto Nacional das Estatísticas (INE) existem 24 mil pessoas com deficiência, sendo que destas 13 possuem deficiência motora.
C/ Inforpress