O Fundo Monetário Internacional prevê que Cabo Verde vai crescer, em 2022, à volta dos 4%, com uma redução de dois pontos percentuais face à última previsão, que era de 6%. Para a inflação, prevê um aumento “histórico” para 7% e alerta para a perspectiva económica “díficil”.
As previsões foram apresentadas, esta quinta-feira, no quadro de missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) que se encontra em Cabo Verde, para o acompanhamento da situação da economia do país.
“Pensamos que em 2022 Cabo Verde vai retomar a taxa de crescimento positiva, depois de uma recessão grande em 2020. Observamos já uma recuperação importante das taxas de crescimento em 2021, que atingiu os níveis de 7%. Em 2022, a taxa de crescimento, pensamos, vai estar a cerca de 4%, uma redução em relação à previsão que tínhamos inicialmente de 6%”, disse em conferência de imprensa, o chefe de missão, Alex Segura.
Inflação com níveis históricos
Em contrapartida, a taxa de inflacção, “provavelmente”, vai atingir níveis superiores, “historicamente muito elevados” entre 6 e 7%, que, segundo Alex Segura, são taxas comparáveis às que são observadas nas economias avançadas como nos Estados Unidos e nos países europeus.
Entretanto, Alex Segura afirmou que a preocupação reside no facto de que nos países em desenvolvimento o impacto da inflacção não afectar muito grandemente a população, como poderá acontecer em Cabo Verde.
“Pensamos que a situação económica será difícil”, disse adiantando, entretanto, que o FMI está confiante que o Governo cabo-verdiano tem elementos suficientes para enfrentar essa nova crise, em primeiro lugar gerada pela pandemia e depois pela guerra na Ucrânia.
“Discutimos com as autoridades cabo-verdianas algumas medidas que poderiam ajudar também a conter os impactos negativos dessa crise”, acrescentou.
Proteger despesas sociais
A recomendação é que Cabo Verde continue a fazer um esforço de consolidação orçamental, já que o nível da dívida pública é muito elevado, mas o chefe de missão sugere que essa consolidação orçamental deve proteger as despesas sociais.
“Estamos muito satisfeitos de ver que o Governo de Cabo Verde quer enfatizar a protecção social, como aspecto prioritário neste momento de crise. Pensão social mínima, rendimento de inclusão, cantinas escolares, pensamos que o apoio específico às despesas sociais vai ser crucial para mitigar essa nova crise”, manifestou.
“Nos próximos dias vamos concluir as nossas discussões e estou confiante que vamos ter os elementos necessários para apresentar ao nosso conselho de administração um programa de reforma sólido e credível que ajudará o país a enfrentar esta nova crise”, assegurou.
Tripla crise
O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, congratulou-se com a disponibilidade do FMI em apoiar Cabo Verde a enfrentar esta tripla crise, com “impactos muitos grandes” sobre o quadro económico e orçamental e sobre o rendimento das famílias.
“É um contexto de tripla crise: uma crise climática, uma crise imposta pelas consequências da pandemia e agora pela guerra na Ucrânia. Esse contexto tem impactos muito exigentes sobre o quadro económico e orçamental, mas também sobre o rendimento das famílias e o Governo de Cabo Verde tem de dar resposta a este contexto, respostas rápidas a vários níveis, sobretudo, para entrarmos numa trajectória da retoma da actividade económica”, afirmou.
C/ Inforpress