O Sindicato Nacional dos Professores (SINDEP) anunciou, hoje, que os professores em São Vicente vão fazer, no próximo dia 23 de Abril, Dia do Professor Cabo-verdiano, uma nova greve que continua a ter como motivo a não resolução das pendências para com os professores por parte do Ministério da Educação.
Em declarações à imprensa, no decorrer da greve de hoje e manifestação dos professores pelas ruas de Mindelo, Nelson Cardoso, secretário regional do SINDEP, justificou que os professores vão voltar à greve e manifestação no dia 23 de Abril, porque o Ministro da Educação continua só com “conversas” e nada de “acção”.
Na ocasião, Nelson Cardoso também admitiu que o SINDEP poderá recorrer a outras medidas tais como o congelamento das notas dos alunos.
“A situação mantém-se a mesma. O Sr. Ministro tentou enganar os professores com a publicação de uma lista a 10 de Março, mas ainda não pagaram os professores de acordo com o que foi publicado”, alertou Nelson Cardoso, segundo o qual, além das pendências, o Ministro da Educação não está a honrar com os seus compromissos.
“Ficou com o compromisso de enviar, até 15 de Março, o cronograma de resolução de pendentes. Na Sexta-feira, tivemos uma reunião na Direção Geral de Trabalho, mas o Sr. Ministro não apareceu e nem enviou o cronograma”, argumentou Nelson Cardoso.
Questionado sobre o facto de o Ministro da Educação ter culpabilizado o SINDEP pela não reclassificação dos professores, aquele responsável sindical, considerou que se trata de uma “tentativa de menosprezar a inteligência dos professores” porquanto quem manda pagar a reclassificação é o Governo, através do Ministério da Edução, e não o Sindicato
“O Sr. Ministro da Educação não pode culpar a SINDEP porque o estatuto é um decreto-lei e o SINDEP não pode promulgá-lo. Quem gere os recursos humanos é o Governo e não o sindicato”, realçou.
Congelamento de notas e adesão dos professores
Para o professor Paulo Monteiro, o congelamento de notas poderia ser uma boa medida uma vez que demostra a força dessa classe com vista a resolução das pendências do Ministério da Educação para com os professores.
Este professor com 20 anos de actividade, não vê nenhuma chance de progressão na carreira e defende que todos os professores cevem aderir à luta em curso.
“Esta deveria ser uma luta de todos nós professores, somos muitos. Todos deveríamos parar e bloquear tudo. Assim conseguiriam ver que educação é importante porque qualquer profissional passa primeiro pelo professor”, defendeu, considerando que, deste modo, “talvez as vozes dos professores seriam escutadas”.
O secretário regional do SINDEP admite que a participação dos professores na greve e manifestação de hoje em Mindelo tenha sido um pouco menor do que há cerca de dois meses. Porém, realça que o que conta “não são os números, mas sim que os problemas sejam resolvidos”.
Segundo A NAÇÃO apurou, o Ministério da Educação tem para com os professores as seguintes pendências: reclassificações de 2017, 2018, 2019, 2020 e 2021; subsídios em numerário pela não redução da carga horária de 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022; publicação das aposentações; congelamento de salário desde 2016 e, finalmente, congelamento da evolução na carreira desde 2014.