Há dois anos, 19 de março de 2020, Cabo Verde registava o seu primeiro caso de covid-19. Tratou-se de um cidadão inglês, de 62 anos, que chegou à ilha da Boa Vista como turista. A doença provocada por um novo coronavírus, o SARS-CoV-2 foi diagnosticada pela primeira vez em Dezembro de 2019, na cidade chinesa de Wuhan.
Após o primeiro registo de covid-19 em Cabo Verde, o Governo decidiu no dia seguinte, colocar a ilha da Boa Vista em quarentena por um período de 15 dias, tendo sido reforçado um conjunto de medidas de restrição no arquipélago, com a declaração da situação de contingência em todo o território nacional.
A declaração da covid-19 como pandemia, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorreu a 11 de Março de 2020, quadro que é definido como a disseminação mundial de uma nova doença para a qual a maioria das pessoas não têm imunidade.
O primeiro óbito em Cabo Verde ocorreu no dia 23 de Março de 2020, um paciente confirmado como primeiro caso da covid-19, quatro dias antes na ilha Boa Vista, tratando-se, como explicou naquela ocasião o Ministério da Saúde, de um doente, um cidadão inglês, de 62 anos, que, para além do novo coronavírus, tinha outros factores de risco, que agravaram ainda mais o seu quadro clínico.
Estado de emergência
E foi devido à covid-19 que, pela primeira vez na história, Cabo Verde declarava o Estado de Emergência, a 28 de Março de 2020.
Na ocasião, o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, disse que utilizava esse instrumento previsto na Constituição da República “em defesa da vida, da saúde e do bem-estar das pessoas e da nossa sociedade”.
O Estado de Emergência vigorou em todo o território nacional pelo período de 20 dias, a partir das 00h00 do dia 29 de Março de 2020.
Contudo, o Presidente da República, mal terminou o primeiro Estado de Emergência, prorrogou o prazo, agora com diferenciação das ilhas com e sem casos da covid-19, ou seja, até 02 de Maio de 2020 para as ilhas com casos de covid-19 e até 26 de Abril 2020 para as ilhas não atingidas.
Aumento de casos “de uma hora para outra”
Nessa altura, o número de casos confirmados do novo coronavírus no País tinha disparado de 11 para 55, dos quais 45 novos casos entre funcionários de um hotel na ilha da Boa Vista.
Contudo, em pouco mais de três meses ,após o primeiro caso confirmado, o País passou a barreira dos 1.500 casos, a 09 de Julho de 2020, com um total de 1.552 casos acumulados, entre os quais 802 estavam activos, 729 recuperados e contavam-se já 19 óbitos.
No final de 2020, a 31 de Dezembro, ainda sem vacinas, contavam-se em Cabo Verde 11.840 casos positivos da covid-19 acumulados e 113 óbitos.
No fim de cada boletim epidemiológico diário, o Ministério da Saúde reforçava o apelo para que as pessoas cumprissem o distanciamento físico, usassem máscara e praticassem a higiene das mãos e demais recomendações das autoridades sanitárias, para se evitar a propagação da doença.
Chegada das primeiras vacinas
Eis que, a 12 de Março de 2021, a poucos dias de se completar um ano da entrada do novo coronavírus no País, chegam as primeiras 24 mil doses de vacinas da Astrazeneca, no âmbito do Covax, um mecanismo da Organização Mundial da Saúde.
Dois dias depois, a 14 de Março, Cabo Verde receberia mais 5.850 doses da vacina da fabricante norte-americana Pfizer e nesse dia o primeiro-ministro anunciou a meta de vacinar, ainda em 2021, mais de 70% da população e garantir a imunidade de grupo.
A campanha de vacinação arrancou no dia 19 de Março de 2021 e o plano nacional de introdução e vacinação contra a covid-19 priorizou os profissionais de saúde, pessoas com doenças crónicas, idosos, professores, profissionais hoteleiros, ligados ao turismo e das fronteiras, polícias, militares e bombeiros.
Um dia antes do início da campanha de vacinação, a 19 de Março de 2021, ou seja, um ano depois do primeiro caso da covid-19, o País registava 481 casos activos, 15.646 casos recuperados, 158 óbitos, cinco mortes por outras causas, oito transferidas e um total acumulado de 16.298 casos positivos.
Novas variantes
Contudo, a 27 de Agosto de 2021, um estudo revelava a existência das variantes Delta e N.2 nas ilhas de Santiago e São Vicente, respetivamente, seguindo-se outras como a mais recente Ómicron.
Ainda sobre a vacinação, até 27 de Fevereiro do corrente ano 316.600 adultos (85,5% da população adulta elegível no País) já se encontravam vacinados com a primeira dose, e 270.957 (73,2% da população alvo), com a segunda dose.
Até a mesma data referência, o País tinha utilizado 680.365 (80,0%) das vacinas recebidas através do mecanismo COVAX e doações de países parceiros como Portugal, França, Hungria, China, Países Baixos, Eslovénia, Luxemburgo e EUA, 44.982 adolescentes tinham sido vacinados e já se tinham aplicado de 44 792 doses de reforço em adultos (12,1%).
Em resumo, em dois anos de pandemia, o mais recente boletim epidemiológico, de 18 de Março de 2022, indicou que Cabo Verde registou um acumulado de 55.921 casos positivos, 55.454 casos recuperados, 401 óbitos por complicações associadas à doença, 43 óbitos por outras causas e nove transferidos.
C/Inforpress