Steven Lammering Varela é filho de pai cabo-verdiano, natural da Assomada, ilha de Santiago, e de mãe holandesa, tendo nascido em Roterdão. É a terceira vez que se candidata pelo PvdA, em Roterdão, sendo o sétimo na lista.
A primeira vez que concorreu foi em 2018, mas não conseguiu um lugar. Dois anos depois, em Janeiro de 2020, teve mais sorte e foi eleito deputado municipal.
Hoje luta, entre outras coisas, para reduzir a criminalidade com facas na cidade, pois acredita que todos devem ter uma “chance justa” para explorarem as suas capacidades.
Desde então, conforme explicou ao A NAÇÃO, tem trabalhado para “reduzir a criminalidade com facas” e o “crime juvenil” na cidade.
Talentos desperdiçados no crime organizado
“Acredito que toda a gente tem um talento e que todos os adolescentes e crianças merecem uma chance justa para descobrir e desenvolver os seus talentos. Pode parecer um cliché, mas eles são o nosso futuro e não posso aceitar vermos talentos serem desperdiçados para o crime organizado”.
Para além disso, Varela diz ser um “construtor de pontes” que acredita na força das comunidades e das redes. “Infelizmente, temos visto uma agenda política muito liberal e alada na direita, a ser desempenhada na Holanda”, esclarece, para lembrar que até 2018, “na nossa cidade”, “acariciávamos as pessoas mais vulneráveis da sociedade”.
Nesse contexto, acredita numa mudança, através do empenho.
“Eu digo sempre: é preciso uma aldeia para criar uma criança e acredito que posso fortalecer a nossa “aldeia”. Estou apenas a começar!”.
Afinidade de valores
Formado em Comunicação e Media, Steven Lammering Varela tem também um diploma em “B2b Marketing” pelo Instituto de Marketing dos Países Baixos.
O PvdA, tal como Isa e Jessie, surge por afinidade de valores.
“Acredito nos valores da solidariedade e da igualdade, e no conceito de olharmos uns pelos outros. Estes são valores fundamentais no seio da social-democrata”.
Nesse contexto, acredita que o PvdA é o “único partido verdadeiramente social-democrata que construiu a infra-estrutura social na Holanda”, na qual teve a oportunidade de “crescer e ter sucesso”, embora tenha crescido num “ambiente pobre”.
“Vivi com a minha mãe em habitações sociais, por exemplo. Nunca me faltou nada a não ser os benefícios sociais que me deram mais oportunidades de ter sucesso e de crescer na vida. Para o conseguir, precisamos de um governo forte”, defende.
Trabalhar em prol das minoria
Se for reeleito Steven Varela vai continuar a trabalhar em prol das minorias.
“Sei que muitas minorias no nosso país, e na nossa cidade, ainda estão a lutar para obter o sustento de empregos estáveis (rendimentos), habitação, cuidados de saúde e educação. Quero que todos tenham as mesmas hipóteses justas de se situarem nas posições privilegiadas da nossa sociedade. Tal como eu tenho agora”, explica.
Nesse contexto, como argumenta, isso significa que “nós, como comunidade cabo-verdiana, precisamos de fortalecer a nossa comunidade”.
Outro dos objetivos é fazer com que a Câmara Municipal invista “fortemente nas comunidades e bairros” de Roterdão. “Reconstruir a infra-estrutura social na qual as pessoas possam crescer e ter sucesso, em segurança. Só assim poderemos deter o desperdício dos nossos talentos e combater as pessoas que querem manter viva a desigualdade”, defende.
Reforçar relações com Cabo Verde
Além disso, como relembra, a cidade de Roterdão é frequentemente chamada a 11ª Ilha de Cabo Verde, pelo que acredita que existe “uma história rica e respeitosa, juntos”, numa relação que precisa ser “mais reforçada” para “alcançar vitórias para o município de Roterdão, bem como para Cabo Verde”.
Nesse contexto, diz estar a pensar “na troca de conhecimentos, conhecimentos especializados”, mas também em tornar “mais fácil para as 2ª e 3ª gerações de cabo-verdianos investir em Cabo Verde”.
O objetivo diz, é “construir uma ponte sustentável e sólida a longo prazo entre os dois países”.
Além da vida política onde luta pela integração dos cabo-verdianos na Holanda, tinha 15 anos quando veio pela primeira vez a Cabo Verde, visitar o pai à praia, juntamente com um irmão.
“Os meus pais divorciaram-se quando eu tinha três anos, então, foi uma viagem especial para mim”, recorda.
“Lembro que tivemos aí durante três semanas e, pelo menos, duas foram passadas a visitar amigos e família”.
Também já esteve com a esposa “de férias” na Boa Vista, mas as duas últimas vezes em que veio ao país forma mais marcantes porque cumpriu uma missão: integrou, por duas vezes, uma equipa holandesa que veio fazer um donativo de vacinas e uma equipa médica para apoiar Cabo Verde, em 2021, no quadro do combate à pandemia. “Foi um momento muito especial. Duas viagens que nunca vou esquecer”, finaliza.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 758, de 10 de Março de 2022