A Embaixada de Cuba, em Cabo Verde promoveu, no sábado, 12, uma conversa aberta para abordar os desafios da mulher no contexto actual, em parceria com a Organização das Mulheres Cabo-verdianas (OMCV). A actividade enquadra-se no mês da mulher, mas antecipa, também, o Dia da Mulher Cabo-verdiana, celebrado a 27 de Março.
Numa conversa aberta, e jantar, a Embaixada de Cuba, em Cabo Verde, juntou mulheres cabo-verdianas e cubanas, entre as quais as médicas e enfermeiras em serviço em Cabo Verde.
“Março é o mês da mulher e nós queremos fazer uma celebração a todas as mulheres do mundo, pelas suas lutas, mas, sobretudo, por um mundo melhor, mais justo, mais equilibrado e mais humano”, indicou a embaixadora, Rosa Wilson.
Para esta representante diplomática, a mulher enfrenta sempre muitos desafios, e o cenário internacional, que se vive hoje, torna tudo mais complexo, na medida em que engrandece ainda mais esses desafios.
“A mulher é a fonte da vida. É mãe, esposa, irmã, é filha, e é também quem carrega nos seus ombros o peso fundamental da família. Portanto, diante de situações como a pandemia, a crise económica e a própria guerra na Europa, chegam a elas um sofrimento maior”, analisou, acrescentando que o papel da mulher tem de ser muito mais decisivo, no sentido de buscar soluções e fazer com que a diplomacia e o diálogo sejam privilegiados na resolução dos conflitos.
Desafios e ganhos da mulher em Cabo Verde
Participou da conversa a presidente da Organização das Mulheres Cabo-verdianas (OMCV), Idalina Freira, que falou um pouco da história e percurso da mulher em Cabo Verde, tomando como referência a independência do país.
“Focamos um pouco no percurso da mulher em Cabo Verde, desde a época da independência, em que tínhamos uma mulher reservada a segundo plano, com mais de 75% da população feminina analfabeta, com uma carga de filhos muito grande, entre 7 a 8 filhos por mulher, mas também com uma taxa de mortalidade infantil muito grande, provocados por partos não assistidos, e todo o trabalho que temos feito no sentido de reverter esta situação”, explicou Idalina Freire.
Dos principais ganhos, na mudança de cenário, elencou a campanha de alfabetização em todo o país, assim como um trabalho de proteção materna infantil, este último serviço que foi trazido para Cabo Verde pela OMCV e depois transferido para a competência do Governo.
“Se em um determinado momento a nossa luta foi a emancipação, já nos anos 90 a 2000 entramos num patamar de empoderamento, com novos programas, partindo dos ganhos a nível de proteção materna, alfabetização e enquadramento político e social da mulher”, explicou.
Procura de equilíbrio
Hoje, segundo a presidente da OMCV, já se trabalha também a questão da masculinidade, tendo em conta a constatação de que ao nível de ensino básico, secundário e até superior, a balança está a pesar negativamente para o lado masculino.
O objectivo, especificou, não é ultrapassar, mas equilibrar essa balança.
A nível de novos desafios, referiu que hoje há desafios internos e externos, e que o foco é trabalhar o sentido de colmatar as suas consequências para as mulheres e famílias cabo-verdianas, para que a situação não se torne insustentável.
Idalina Freire deixou igualmente uma mensagem sobre a boa cooperação na relação Cuba/Cabo Verde, com a OMCV, augurando que a luta tenha continuidade, na perspetiva de género, mas também no sentido de garantir que a mulher cabo-verdiana continue a ter um papel e a ser uma parceira no desenvolvimento de Cabo Verde.
Do lado da comunidade cubana em Cabo Verde, Rosa Wilson garantiu que está muito bem acolhida, enquanto uma “comunidade tranquila, de profissionais e trabalhadores”, que partilham com os irmãos cabo-verdianos o desenvolvimento de Cabo Verde.
O evento foi prestigiado pela presença do Comandante Pedro Pires e sua esposa, Adélcia Pires.