A médica cirurgiã oncológica portuguesa Emília Vieira garantiu, em Lisboa, que 90% dos casos de cancro da mama descobertos em fase inicial, durante exames de rotina, tem probabilidade de cura. A especialistas segue doentes cabo-verdianas evacuadas para Portugal.
A especialista, que segue muitas doentes cabo-verdianas evacuadas para tratamento em Portugal, no Hospital de Santa Maria, deu essa garantia na noite desta sexta-feira, 11, durante a apresentação do seu livro “O que faço? Tenho cancro da mama”, no Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), em Lisboa.
“O que nós sabemos hoje, é que um tumor descoberto em fase inicial, isto é, descoberto em exame de rotina, tem 90% de probabilidades de cura (…). O cancro da mama pode ser uma intercorrência na nossa vida se for descoberto na fase inicial. Daí, a grande influência de nunca pararmos de falar de rastreio, porque se for o exame a descobrir, sabemos logo que esses 90% têm probabilidade de cura. Infelizmente, nem todos são assim”, lamentou.
Emília Vieira assegurou que muitas mulheres poderão ter outro tipo de vida e ter hipótese de cura, apesar de ser uma doença que obriga a uma vigilância durante os próximos 10 anos, porque tem as suas fases em que poderá reaparecer, ou seja, “é uma doença grave, mas tratável”.
“O impacto emocional da descoberta dessa doença, num órgão que tanto tem a ver com a nossa identidade como mulher, é enorme. Por isso, qualquer patologia mamária, quer seja benigna ou maligna, se torna emergente, com necessidade de uma consulta a muito curto prazo”, frisou.
Por outro lado, sublinhou que, sendo o tumor da mama o mais frequente na mulher e no mundo, ele não é o que mais mata, já que o cancro de pulmão aparece em primeiro lugar, principalmente por causa do tabaco.
Doença também afecta os homens
O cancro da mama também afecta os homens, apesar de pouco falado e lembrado, a médica, que explicou que aparece de forma hereditária no sexo masculino.
Segundo Emília Vieira, “o cancro da mama quando aprece nos homens é porque alguém de família já teve”.
Como testemunho, esteve no local Luís Costa, que foi diagnosticado e operado a um cancro de mama há quatro anos, mas que na altura do problema não deu muita importância, porque “não acreditava que os homens tivessem cancro da mama”.
“Por acaso fui a tempo e fui tratado. Era complicado eu aceitar, porque tinha já morrido um filho meu e a minha mãe com cancro. De resto, correu tudo bem. Não é o fim da linha. É preciso chegar a tempo. Aconselho a toda a gente, homens e mulheres, que consultem os médicos que estão lá para tratar”, alertou.
A apresentação do livro de Emília Vieira, médica desde 1980 e que já realizou mais de 3.500 cirurgias, cerca de 2.000 em patologia mamária, aconteceu no âmbito da programação de “Março, mês da mulher”, que o CCCV e a Embaixada de Cabo Verde em Lisboa organizam anualmente, como forma de assinalar o dia 08 de Março, Dia Internacional da Mulher, e o dia 27 de Março, Dia da Mulher Cabo-verdiana.
C/ Inforpress