Cerca de 80 peixeiras, tratadores de peixe e seguranças do mercado de peixe da ilha de São Vicente estão agora mais bem capacitados no manuseamento do pescado tendo em vista a higiene e segurança alimentar.
A iniciativa deste workshop de capacitação, de três dias, que chegou esta quinta-feira,10, ao fim, partiu da Biosfera, em parceria com a CV Qualy e a Câmara Municipal de São Vicente
Jessica de Matos, assistente do projeto de Pesca Sustentável, lançado pela Biosfera em 2019, explica que este workshop de manuseamento do pescado é uma das várias actividades contempladas.
“Já realizamos um workshop nas comunidades piscatórias e, agora, pretendíamos fazer um para o mercado de peixe, cujo objetivo é informar sobre formas de implementar e metodologias de manuseio de pescado, saneamento, higiene básica para aplicar no dia a dia e fornecer um produto mais fresco para os consumidores e, ao mesmo tempo, tomar informação da parte deles”, explica.
Para tal, segundo a mesma fonte, foi realizado um estudo pela CV Qualy no mercado de peixe para que o workshop fosse mais inserido no quotidiano desses trabalhadores e para que pudessem obter troca de ideias.
A iniciativa é assim avaliada “positivamente” uma vez que houve muita adesão e os trabalhadores deram um “feedback positivo”.
Obras no mercado em atraso
De acordo com o formador da CV Qualy Carlos Barbosa, a partir do estudo realizado surgiram algumas recomendações e a formação de pessoal em termos de higiene e segurança alimentar foi uma delas, para além de várias outras.
“A formação foi a primeira coisa que já foi realizada dentro das várias recomendações que surgiram do estudo realizado, sendo as outras a questão da remodelação das obras que o mercado de peixe necessita”.
Citando como exemplo “a reformulação das bancadas uma vez que as atuais não respondem aquilo que são as exigências de higiene e segurança alimentar; o segundo ponto tem a ver com a necessidades de se criarem casas de banho no mercado”, uma vez que se especula que as pessoas fazem as suas necessidades fisiológicas na rua, o que, segundo diz, não dá garantias de higiene.
Também acrescenta que há necessidade de lavatórios para a lavagem das mãos e alerta para o facto de haver animais a circularem dentro do mercado de peixe.
A formação foi adaptada ao nível de escolaridade do público alvo, para tal recorreram a muitas imagens, vídeos e debates para que todos pudessem participar de forma ativa.
No que diz respeito ao atraso nas obras de remodelação do mercado a vereadora Neusa Sança, que esteve presente na cerimónia de entrega dos certificados de participação, pede desculpas pelo mesmo justificando “contratempos”, mas apontando que se vai tentar “acelerar a obra” que “já foi retomada”.
Para além da entrega dos certificados, que aconteceu no Museu do Mar, houve também a entrega do manual de boas práticas desenvolvido pela CV Qualy, que é basicamente o resumo de toda a formação sobre boas práticas de higiene e ficará disponível no mercado de peixe para quando os trabalhadores quiserem consultar. Este evento teve lugar no Museu do Mar da ilha de São Vicente.
Pesca Sustentável
De notar que o projeto de pesca sustentável foi implementado em 2019 pela Biosfera, com o objetivo de promover a preservação da garoupa através da sensibilização e mudança de atitudes do consumidor e das comunidades piscatórias.
O projeto abrange a comunidade piscatória de Salamansa, o consumidor local e os restaurantes locais, promovendo a pesca de linha e anzol e atitudes sustentáveis, como respeitar o tamanho mínimo de captura da garoupa (27 cm), através da certificação de sustentabilidade das embarcações artesanais e dos restaurantes.
De momento o projeto trabalha com 12 embarcações artesanais da comunidade piscatória de Salamansa, que serão certificados pela sustentabilidade do seu produto ao se comprometem a seguir com as atitudes sustentáveis como respeitar o tamanho mínimo de captura das espécies, respeitar as épocas de defeso e capturar o pescado utilizando apenas linha e anzol.
Louisiene Lima
Estagiária