A presidente do conselho de administração (PCA) da TACV, Sara Pires, confirmou hoje o atraso no pagamento dos salários do mês de Janeiro, mas negou falta de comunicação sobre o assunto para com os funcionários e sindicatos, conforme denunciou, esta terça-feira, 15, o SITTHUR.
Sara Pires reagiu assim, as denúncias do presidente do Sindicato de Indústria, Transportes, Telecomunicações, Hotelaria e Turismo (SITTHUR), Carlos Lopes, que disse estar “profundamente preocupado” com o atraso sistemático no pagamento do salário aos trabalhadores dos TACV, considerando “inaceitável” o silêncio da empresa, e do Governo, pela não regularização da situação referente ao mês de Janeiro.
“Há alguns pontos na notícia que saiu que precisam ser esclarecidos, que têm a ver com a comunicação do conselho de administração para com os trabalhadores”, disse Sara Pires, citada pela Inforpress, afirmando que sobre o assunto já saíram dois comunicados para os trabalhadores, via e-mail corporativo.
Os comunicados foram, segundo a mesma, enviados pelo departamento dos Recursos Humanos da TACV, tendo um deles sido enviado no dia 30 de Janeiro, “data normalmente que é feito o processamento dos salários”, a informar os trabalhadores que o salário do mês de Janeiro estaria atrasado.
“No dia 14 de Fevereiro também enviamos a comunicação a informar que mantinha-se o status de que os salários continuam em atraso e que o conselho de administração está a enveredar todos os esforços para cumprir com o pagamento dos salários”, acrescentou.
Sindicatos já tinham sido avisados
Por isso, diz que “não é verdade que o CA não deu uma justificação e que não tem estado a comunicar”, garantindo que “toda a comunicação da empresa tem sido feita via e-mail corporativo”, tendo, inclusive, registado algumas reacções de trabalhadores a dizer que compreendem e que também lamentam.
Quantos aos sindicatos, recorda que foram avisados que a empresa estaria em dificuldades para o pagamento dos salários. “Os sindicatos foram avisados desde o dia 14 de Janeiro”, frisou.
Garantiu ainda que, desde a renacionalização da companhia, em Agosto de 2021, esta é a primeira vez que se regista atraso no pagamento dos salários.
“Todos os meses os salários foram pagos atempadamente, os atrasos que houveram têm a ver com o pagamento por parte do INPS relativamente a parte do ‘lay-off’, que é por ele suportada, que foi devido a publicação tardia do regime simplificado do ‘lay-off’, mas a parte da companhia foi sempre paga atempadamente”, garantiu.
De recordar que a TACV decidiu suspender o contrato a 132 trabalhadores, com efeitos a partir de 01 de Janeiro, e por um período de quatro meses, nos moldes previstos no código laboral, que o trabalhador em casa recebe 50% do salário.
Entretanto, das negociações em sede da Direcção-Geral do Trabalho, ficou vincado que nos primeiros sete dias de cada mês o salário por completo e nos restantes dias 50%, pelo que feito as contas resulte no total de 62,5% do salário, conforme Carlos Lopes.
Numa carta endereçada aos sindicatos, a presidente do conselho de administração da TACV tinha explicado que o recurso ao ‘lay-off’ no regime normal visava, sobretudo, fazer face ao fim da vigência do ‘lay-off’ adoptado pelo Governo como medida excepcional e temporária de protecção dos postos de trabalho, por força da pandemia da covid-19.
Sara Pires lembrou que, após uma longa paragem, de 21 meses, com a perda de 100% dos seus rendimentos, a empresa retomou as operações a 27 de Dezembro de 2021, mas sublinhou que por imposição da conjuntura internacional e, fundamentalmente, da condição financeira da empresa, esta retoma será ainda, por um tempo indeterminado, “bastante tímida”, não se perspectivando o regresso aos níveis de produtividade pré-pandemia antes de 2024-2025.
C/ Inforpress