A família de Cátia Cristina, funcionária da Câmara Municipal de São Vicente (CMSV), que faleceu em fevereiro de 2021, após cair de uma viatura dos serviços de saneamento, está agastada com o silêncio da edilidadade.
No próximo dia 4 de fevereiro completa-se um ano do sinistro, e o marido e os dois filhos do casal vão fazer uma passeta pelas ruas do Mindelo, para expressar o seu descontentamento perante, aquilo que dizem ser o tratamento, ou ausência de tratamento, que o caso vem tendo pela edilidade de Augusto Neves.“A minha família tem passado por muitas situações”, diz Emiliano Tavares, marido da falecida, ao A NAÇÃO.
“Volvido um ano do acidente da minha mulher, Cátia Cristina, a postura da Câmara Municipal, na pessoa do Presidente, tem sido no minímo vergonhosa, já que ela morreu na sequência de um acidente de trabalho”.
Aquele cidadão diz que no dia 04 de Fevereiro, ele e os dois filhos (um 13 anos e outro de dois), pretendem realizar uma passeata, pelas ruas da “Morada”, para chamar atenção, mais uma vez, da CMSV e procurar as respostas que o caso merece.
A marcha deve passar pelo Paços do Concelho, onde pretendem entregar uma carta a rejeitar a pensão de mil e oitocentos escudos (1800$00) atribuída aos dois filhos da vítima, e outra na Polícia Nacional, pedindo que seja proibido o transporte de trabalhadores em viaturas “sem condições”.
Garantias
De recordar que, aquando do acidente, Augusto Neves, em declarações à RCV, garantui que seria prestado todo o apoio à família de Cátia Cristina. Para Emiliano Tavares, essa declaração visou apenas “limpar a imagem” da câmara e do seu presidente.
“Em seguida ele visitou a nossa casa em época eleitoral e prometeu mundos e fundos, mas depois das eleições nunca mais soubemos da Câmara e do seu presidente, essa é a causa da minha revolta”, sublinha.
O acidente, entende o viúvo de Cátia Cristina, aconteceu por clara negligência da CMSV já que a viatura em que ela e outros funcionários viajavam nesse dia carecia de seguro, de inspeção e de proteção lateral.“O mais preocupante é que no livrete a lotação máxima diz que é de três pessoas e no dia do desastre estavam mais de 10 pessoas na carrinha.
Pela lei do código de estrada, é proibido o transporte de pessoas em viaturas de caixa aberta; ainda por cima, a altura do taipal não chegava a 40 centímetros”, advogou. Isto, no entender de Tavares, prova a negligência da autarquia no transporte dos seus trabalhadores.
Após o falecimento, o condutor, que era estagiário passou a profissional, a viatura foi remodelada, e desconhece-se o resultado do inquérito mandado fazer pela própria CMSV.Assumir responsabilidades Pelo que se depreende das palavras de Emiliano Tavares, este exige que a CMSV assuma as suas responsabilidades perante o sinistro, agravado pela morte de Cátia Cristina e que só assim haverá de retirar a queixa no tribunal contra a edilidade.
A CMSV entende, entretanto, que está a cumprir a lei, pagando pensões aos dois órfãos daquela sua funcionária, e que o serviço social está a fazer o acompanhamento do caso e que uma outra filha de Cátia Cristina, mais velha, que antes vivia na Cidade da Praia, trabalha agora na CMSV, junto ao vereador que acompanha o caso.
A CMSV acrescenta também que o próprio viúvo mantém contato constante que o referido vereador e que por isso não entende a razão do ato do próximo dia 4.
Elvis Gomes (Estagiário)